SÃO PAULO -SP-BRASIL-Orações, orgulho e rigidez: Vera Lúcia, a mãe do “bebê” Gabriel Jesus


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“Glória, glória, aleluia… É Gabriel Jesus!”: o refrão que ecoou na arena do Palmeiras no dia 30 de agosto, quando o jovem atacante fez o gol da vitória por 3 a 2 sobre o Joinville, foi ouvido por dona Vera Lúcia pela televisão. Como de costume desde que o filho foi promovido à categoria profissional, a mãe da revelação alviverde preferiu assistir à partida longe das arquibancadas – para evitar nervosismo ainda maior. Orgulhosa, se emocionou com quase 29 mil pessoas reverenciando seu caçula. Mas também pediu perdão a Deus.

– É futebol, é torcida. Não posso criticar. Fizeram São Marcos, Divino (Ademir da Guia)… Dá um orgulho grande. Fiquei muito emocionada quando eu os vi cantando, mas peço perdão pra Deus todas as noites quando vou dormir. Não gosto de mexer com santidade. É por causa do sobrenome do meu filho, né? Haja joelho – contou, entre risos, em entrevista exclusiva à TV Globo e ao GloboEsporte.com.

O ritual com o “bebê” – apelido do qual Gabriel Jesus não gosta, mas que não sai do vocabulário da mãe – em dias de jogos é sagrado. Antes da partida, Vera Lúcia envia uma mensagem para o celular do garoto de 18 anos, evocando proteção para o filho e seus companheiros de equipe. E constantemente faz um pedido peculiar: nada de chapéus ou lances mais ousados. A rígida líder de uma família de três filhos, uma filha e dois netos, sempre citada pelo atacante nas entrevistas, quer objetividade em campo.

vera lucia mãe gabriel palmeiras (Foto: Rodrigo Faber)Vera Lúcia exibe orgulhosa a camisa que ganhou do filho (Foto: Rodrigo Faber)

– Eu digo que se ele fizer gol, está bom demais. Se não fizer, vai ser recebido de braços abertos do mesmo jeito. Falo para ele acompanhar a jogada, pegar rebote. Que eu dou uns cutucões, eu dou. “Para com esse chapéu”, faz isso… Eu acompanhei ele na base e dou o meu toque – contou.

– Até sou brava, mas também sou muito brincalhona. Acho que tudo tem de ser rígido. Tenho de pegar no pé, olho no olho.

Dona Vera Lúcia e o irmão Felipe ganharam um apelido peculiar de Gabriel Jesus: Marcelo Oliveira. Pelos constantes conselhos sobre o que fazer nas partidas, o garoto compara, em tom bem humorado, os familiares ao técnico palmeirense – que vem dando a ele um voto de confiança cada vez maior. Além da dupla de “treinadores”, ainda vivem junto do atacante os irmãos Caíque e Emanuele e os sobrinhos Amanda e Rian.

Na casa onde vivem, na zona norte de São Paulo, Vera Lúcia é mãe e pai. Criou os filhos e os netos sozinha. Exigente, a ex-empregada doméstica fez questão de garantir estudo a todos eles e nunca permitiu que nenhum se aproximasse de álcool ou drogas. Hoje, os papéis se inverteram: é Gabriel Jesus quem não permite que ela trabalhe. O jogador administra o próprio salário e reserva à mãe uma quantia exclusiva para necessidades particulares dela.

– Todo trabalho tem sua recompensa. O Gabriel nunca me deu muito trabalho com esse negócio de roupa, tênis de marca. Ele sabia do meu esforço. Ele não tem isso de pegar o dinheiro, sair gastando tudo. Ele mantém a casa – explicou.

 O Gabriel nunca me deu muito trabalho com esse negócio de roupa, tênis de marca. Ele sabia do meu esforço. Ele não tem isso de pegar o dinheiro, sair gastando tudo. Ele mantém a casa”
Vera Lúcia, mãe de Gabriel Jesus

– Eu até tentei trabalhar escondida, mas não deu certo. Ele descobre (risos). Ele quer que eu fique em casa. Sempre gostei de trabalhar na faxina. No começo, eu conseguia ir, mas ele me falou: “Por favor, mãe, a senhora já trabalhou muito, agora tem de descansar”. Agora ele me dá um salariozinho para eu comprar minhas coisas.

No braço direito, as dores constantes causadas por uma tendinite aumentaram quando dona Vera comemorou o primeiro dos dois gols marcados por Gabriel na vitória por 3 a 2 sobre o Cruzeiro, que colocou o Palmeiras nas quartas de final da Copa do Brasil. Exaltada com o belo lance protagonizado pelo filho no Mineirão, ela golpeou a mesa ao comemorar. Mais de uma semana depois, contava, orgulhosa, o feito.

A exposição na mídia não assusta a mãe do xodó palmeirense. Vera Lúcia apenas fica ressabiada com o fato de o filho não poder mais frequentar as tão adoradas lanchonetes ou ir ao supermercado sem ser reconhecido pelos fãs. A simplicidade, ela tem certeza: Gabriel nunca irá perder. O técnico Marcelo Oliveira compartilha da mesma opinião.

– Não temos a preocupação de muita empolgação. Ele tem uma base educacional muito boa, uma base familiar, isso sustenta qualquer tipo de mudança de rumos – resumiu o treinador.

Neste domingo, às 16h, na rua Palestra Itália, a expectativa verde é que o “bebê” de dona Vera Lúcia faça a alegria de mais de 16 milhões de pessoas. A 11 quilômetros da arena, em uma casa que se transforma em arquibancada quando Gabriel Jesus está em campo, o ritual da mãe será o mesmo: orações, troca de mensagens pelo celular, muito orgulho… E nada de chapéus!

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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