SÃO GONÇALO DO AMARANTE RN-Brasil não está preparado para a variante Delta, diz médica e pesquisadora brasileira Nos Estados Unidos, com metade da população adulta vacinada, vê-se o incremento de notificações, com mais de 30 mil casos em um dia


Confira a coluna de Margareth Dalcolmo, publicada no jornal O Globo:   Na densa curva de aprendizado científico e na avalanche de informações, tornou-se inevitável nos familiarizar com números e taxas nesses tempos pandêmicos: estamos chegando a 10% da população brasileira contaminada pela Covid-19, com quase 20 milhões de casos notificados e 550 mil mortes. Muitos curados, mantendo-se a proporção epidemiológica inicial de que 80% dos casos seriam leves, autolimitados e sem necessidade de hospitalização. Permanecem verdadeiros os conceitos dos “grandes espalhadores”, 10% de infectados que seriam responsáveis por 90% dos casos, mesmo com o surgimento de novas variantes virais, como a cepa Delta, com capacidade de transmissão muito superior às demais e já presente no Brasil. Nos Estados Unidos, com metade da população adulta vacinada, vê-se o incremento de notificações, com mais de 30 mil casos em um dia. No Reino Unido, mais de 50 mil. Prenúncio do que ocorreria aqui? Impedir a transmissão da nova cepa não parece plausível, uma vez que já circula em vários estados, mas como suavizar seu impacto senão com a manutenção ou retomada de medidas restritivas de par com o avanço consistente da vacinação, sobretudo em grupos mais jovens? Estamos com seis meses do início da aplicação das vacinas no Brasil, sabidamente atrasados em relação a outros países, que começaram em dezembro do ano passado. Perdemos o timing da negociação de vacinas a despeito dos excelentes estudos de fase 3 que aqui se desenvolveram, com Pfizer e Janssen, além da CoronaVac e AstraZeneca, para assegurar as evidências de eficácia e subsidiar os processos regulatórios. Mesmo com a produção nacional da CoronaVac pelo Butantan e AstraZeneca pela Fiocruz, esta hoje majoritária em número de doses ofertadas, alcançamos pouco mais de 40% da população com uma dose aplicada e pouco mais de 15% imunizada com duas doses. É pouco para fazer frente à ameaça real de transmissão sustentada da nova cepa Delta. Grupos de pesquisa em virologia, como na UFRJ, tem sequenciado cerca de 700 amostras só do Rio de Janeiro por mês, num esforço de sairmos da taxa de menos de 1,0% de cepas genomicamente estudadas. Só a título de comparação o Reino Unido sequencia 10% das cepas detectadas em casos nacionais. Como operar nosso cotidiano e imaginário com tantas cifras, índices, taxas e proporções sem pensar na transcendência de cada um desses achados? Historicamente negar uma experimentação com bom resultado pode ser lido como uma negação de justiça. Se olharmos a velocidade e gravidade com que se deram as primeiras pestes, vemos como seus contemporâneos sobreviveram a elas quase ao acaso — ou por seleção natural darwiniana, os mais fortes. Na presente pandemia, mais do que em todas as antecedentes, vigoram inapelavelmente a ciência e seus avanços e profunda empatia. Nesse sentido, opor bem querer e vigilância sanitária latu sensu é mais que incongruente, injusto.

Saiba mais em: https://agorarn.com.br/ultimas/brasil-nao-esta-preparado-para-a-variante-delta-diz-medica-e-pesquisadora-brasileira/ | Agora RN

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