O Vetor Norte está pronto para ser a nova área de expansão da Região Metropolitana de Natal, na visão do arquiteto e urbanista Fabiano Pereira. Com experiência de mais de 25 anos de mercado, o autor de cerca de 200 projetos de grande porte como a Cidade dos Bosques e Cidade Verde, na região Sul da capital potiguar, aponta que não há mais espaços de expansão no eixo sul da cidade. O crescimento passa a ser mais lento e interiorizado, se distanciando das praias – cenário mais cobiçado por quem deseja ter um imóvel em uma cidade litorânea como Natal.

Por outro lado, na margem norte do Rio Potengi, existem grandes áreas à espera do desenvolvimento econômico e urbanístico. Regiões que estão à mesma distância da Ponte Newton Navarro que bairros como Capim Macio e Cidade Verde. “Serão os novos bairros nobres da cidade”, argumenta o especialista. Para ele, o único entrave atualmente é a falta de uma malha rodoviária que integre o setor ao restante da cidade, além de vias arteriais e coletoras. Esse é um trabalho que apenas o poder público pode tomar, explica, pois a infraestrutura abrange variadas propriedades e interesses privados. Apesar de existirem outras necessidades essa é a principal e a única que realmente trava o desenvolvimento, na sua avaliação.

O urbanista conta que foi um processo como esse o que aconteceu em Cidade Verde, 18 anos atrás. Apesar dos projetos condominiais de grande porte na região, as áreas não prosperavam, até que foi aberta uma ligação entre a Rota do Sol e a avenida Ayrton Senna. “Quando fizeram isso, as empresas não deram conta da procura”, lembra. Isso também deve acontecer no Vetor Norte, na avaliação dele.

fabiano_pereira_urbanista._fm_7.jpg

Arquiteto Fabiano Pereira fala sobre o Vetor Norte

Fabiano Pereira ressalta a importância da conclusão da avenida Moema Tinoco,a Zona Norte da capital – que tem praticamente a mesma extensão da avenida Roberto Freire, entre Capim Macio e Ponta Negra. Mas ele aponta que são necessárias mais vias naquela região, ligando inclusive as praias do litoral norte entre si e com a BR-101. “O litoral (Norte) tem belíssimas praias, como Redinha Nova e Santa Rita. Mas por que poucas pessoas vão? Porque falta conexão com a malha viária”, exemplifica. A área de abrangência do Vetor Norte vai muito além da Zona Norte de Natal. Passa por municípios como Extremoz, São Gonçalo do Amarante e Ceará-Mirim. Em apenas um quadrante que o arquiteto apresenta, o governo precisaria construir cinco rodovias para que a partir delas surjam ruas, quarteirões e novos bairros.

O desenvolvimento também precisa de uma infraestrutura básica como abastecimento de água, esgoto e transporte público. As rodovias, porém, são o quesito mais importante. “Se o governo fizer isso, a própria iniciativa privada se encarrega de estruturar o resto, como é o caso do saneamento, porque hoje existem centenas de alternativas”, garante o arquiteto.
Por fim, para que o Vetor Norte saia do campo das ideias para se tornar uma realidade, a região precisa de regras claras de licenciamento e segurança jurídica para os empreendedores. A importância da preservação ambiental é inegável, avalia Fabiano Pereira. Atualmente, os empresários têm grande interesse em áreas de conservação, porque elas agregam valor aos imóveis. As pessoas querem morar em cidades que respeitem a natureza. Fabiano ressalta que em alguns casos de construção de estradas é preciso haver um acordo para que ocorra ocupação lindeira – ou seja, à margem das rodovias.

Apesar de haver áreas ambientalmente sensíveis ao redor da avenida Moema Tinoco, Fabiano Pereira acredita que é possível ocupá-la e compensar o impacto de outras formas permitidas pela legislação ambiental. Conforme explica, o urbanismo aponta para algumas verdades: “Fim de linha, fim de progresso”, repete pelo menos cinco vezes durante a entrevista. “O desenvolvimento precisa de vias que liguem algum ponto a outro. Se ela não leva a lugar nenhum, o progresso não chega”, pondera. Outra necessidade é de ocupação lindeira das vias. Se a avenida não tem comércios e serviços ocupando sua margem, as pessoas não se sentem seguras. Ele acredita que atualmente já existe um trecho da BR-101 Norte que pode ser ocupado por supermercados e academias, por exemplo. Ele também está convicto na chegada de shoppings centers, em breve. “Se o poder público fizer estradas corretas e criar regras claras para licenciamento, não precisa fazer mais nada. O resto, a iniciativa privada fará”, assevera.

Fabiano considera que será normal a mudança de realidade na região Norte da cidade e que, aos poucos, imóveis mais simples sejam substituídos por comércios nas principais vias dessa área. Mas ele não considera que isso seja ruim para os moradores. “Acaba que ele consegue vender um imóvel muito mais valorizado e investir em uma casa melhor, ou fazer uma poupança”, frisa.