PENDÊNCIAS RN-Quando o próprio negócio desanda


172595Nadjara Martins e Renata Moura
Repórter e Editora de Economia

Em 21 de dezembro, os móveis coloridos começaram a deixar a empresa de vestuário infantil do gaúcho Fernando Ribeiro, 33 anos, em Natal (RN). No hall de entrada da casa onde funcionava a sede da fábrica, ele montou uma pequena  loja para se desfazer do estoque. O motivo: o negócio está fechando.

Após quatro anos em operação no mercado, a empresa iniciada pelo engenheiro de automação e a esposa, Shirley,  como uma alternativa à falta de vagas no mercado de trabalho, vai encerrar as atividades até a virada do ano.

Ana SilvaFernando Ribeiro: Negócio na área de confecções enfrentou problemas e vai fechar as portasFernando Ribeiro: Negócio na área de confecções enfrentou problemas e vai fechar as portas

 

“Gastamos o que não podíamos, já que estávamos com um capital de giro baixo, tivemos que pedir empréstimo para a compra de equipamentos, fora que as vendas no país deram uma baixa tremenda. Dobramos os nossos custos, e o faturamento continuou igual. O capital de giro foi embora e a inadimplência aumentou: tivemos dois meses de faturamento perdido”, conta Fernando.

Criada em 2011, em Mossoró (RN), a empresa era um sonho de Shirley e uma alternativa ao sustento do casal. Formado em engenharia da automação, Fernando chegou ao estado em 2005, trabalhou em duas terceirizadas da Petrobras, mas ambas encerraram as atividades no RN. Ele então assumiu o próprio negócio, que no ano passado se preparava para expansão por meio do sistema de franquia. Mas a crise econômica atrapalhou os planos: Impactou a produção, fechando as portas da terceirizada responsável pela confecção das peças.

Ao assumir a produção não planejada e em meio ao cenário de recessão no setor de vestuário, o negócio se desestabilizou, e a saída foi o fechamento. Mas essa não é uma realidade isolada nem no Brasil nem no Rio Grande do Norte.

Dados divulgados pela Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República mostram que ao menos 1.684 negócios foram extintos no Rio Grande do Norte, entre janeiro e outubro deste ano. O número, que será engrossado por Fernando – enquadrado como microempresa – engloba todas as empresas que precisam de um CNPJ para funcionar, com exceção dos  Microempreendedores Individuais (MEIs), o segmento de autônomos cuja atividade foi formalizada e que alcançou  uma quantidade de fechamentos maior ainda.

De acordo com a Receita Federal, que mede os números  relacionados ao MEI, 75.607 negócios do tipo foram registrados no estado entre dezembro de 2009 e novembro deste ano. E 12.749 (16,86%) encerraram as atividades. Só em 2015, foram 13.099 aberturas contra 4.471 fechamentos, até novembro. Isso correspondeu a 34,13% do quantitativo de novas empresas.

Apesar de parecer elevado, o índice é um dos menores do país: É o 20º no ranking das 27 unidades da federação e o 6º entre os estados do Nordeste.

Tais dados, no entanto, podem ser maiores, visto que, segundo a Receita Federal, os MEIs possuem “baixa propensão” a dar baixa no CNPJ, apesar de “o procedimento ser extremamente simplificado”.

“A baixa é feita no Portal do Empreendedor (www.portaldoempreendedor.gov.br), sem complicação. É possível fazer a baixa de um MEI de qualquer parte do país, de forma imediata”, informa. O órgão preferiu não avaliar o que está provocando a morte desses negócios.

Rate this post



Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

Comentários com Facebook




Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.