PENDÊNCIAS RN-Mesmo com vocação histórica, camarão do RN vai todo para o mercado interno Itamar Rocha afirma que o Brasil sabota a atividade que poderia estar dando milhares de empregos no Nordeste.


Neste ano, o Estado produziu cerca de 27 mil toneladas

Com o dólar cotado nos últimos dias entre os maiores valores nominais desde a implantação do Plano Real, os criadores e exportadores de camarão do Rio Grande do Norte poderiam estar em festa neste momento. Mas isso só seria possível se o Estado, que já foi o maior exportador brasileiro lá atrás, em 2003, ainda estivesse em atividade exportadora – a exemplo do crescimento de seus maiores concorrentes mundiais e da explosão do consumo do crustáceo na China.
Segundo Itamar Rocha, com vários mandatos à frente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC) e presidente da Feira Nacional do Camarão, recém encerrada em Natal, é “inacreditável” como a atividade é tratada no Brasil.
Ele lembra que, em 2003, o RN chegou a produzir 38 mil toneladas de camarão e que, em 2019, 16 anos depois, esse volume só chegará a 27 mil toneladas, uma reação às 23 mil toneladas produzidas no ano passado. Tudo, explica ele, é voltado para o mercado interno, porém.
O Equador, menor país do continente e com uma costa insignificante, se comparada à brasileira, com 600 quilômetros de extensão, este ano exportará o equivalente a US$ 3,6 bilhões de camarão. “Enquanto o Brasil e o RN, nenhum tostão”, acrescenta.
Itamar Rocha destaca que, em 2003, graças à produção do camarão, um município como Pendências, no Oeste potiguar, tinha por volta de três mil habitantes – de seus 10 mil da época (30%) – com carteira assinada na carcinicultura.
“Nessa época, havia 1.000 mulheres empregadas formalmente em Pendências nas indústrias de beneficiamento de camarão cultivado Potiporã e Aquática”, recorda.
Mesmo assim, o município segue na liderança na produção no Nordeste. Dos 162 municípios que produziram camarão em cativeiro no ano passado, se manteve na dianteira, seguido por Aracati (CE), Canguaretama (RN) e Valença (BA).
Para Itamar Rocha, a grande questão agora é aumentar a produção para retornar ao mercado internacional, especialmente à China, mas isso não será possível se não houver apoio institucional à atividade, que passe por políticas específicas dos governos estadual e federal.
“Nós produzimos camarão aqui desde os holandeses e é preciso que se entenda que essa vocação secular não pode continuar sendo sabotada dentro do País por entidades do terceiro setor que, na verdade, atendem a interesses comerciais de outros países”, afirma. E acrescenta: “Não podemos esquecer que o Brasil detém condições excepcionais para a exploração da carcinicultura marinha, cujas importações setoriais já são da ordem de US$ 25 bilhões/ano”.

 

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