Crédito da foto: Reprodução/CaernPrimeiros poços da Caern em 1973, na área próxima ao Hospital Wilson Rosado

Por Ana Luíza/JORNAL DE FATO

Em 50 anos de história, a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN) é reconhecida pela população potiguar pela prestação de um serviço essencial. A Companhia é vista como um patrimônio do povo norte-rio-grandense, sendo responsável pelo abastecimento de água de 152 municípios.

Atualmente, o serviço de abastecimento de água nos municípios atendidos pela Caern está praticamente universalizado. Já no que se refere ao esgotamento sanitário, a Companhia tem trabalhado no desafio de ampliar a cobertura, uma meta ousada, que exige esforço e investimentos. Mas, com alto retorno social e ambiental.

Neste ano de seu jubileu de ouro, a Caern destaca que é uma empresa formada por homens e mulheres de garra, batalhadores e, principalmente, preparados. Os quase 2.500 colaboradores da Companhia estão engajados na missão de “contribuir para a melhoria de qualidade de vida da população do RN, satisfazendo suas necessidades de água e esgotamento sanitário, respeitando os fatores sociais, econômicos e ambientais”.

“A partir de agora, começamos a construir a história dos próximos 50 anos. Todos os valores positivos que a Companhia conquistou neste meio século, tais como o respeito ao meio ambiente e o conhecimento técnico, se somarão a uma busca incessante pelas inovações tecnológicas e pelos mecanismos de compliance. É neste ponto de convergência que a Companhia irá se fortalecer e, principalmente, consolidar tradição e modernidade”, afirma o diretor-presidente, Roberto Linhares.

Para buscar uma maior eficiência e modernização, a Companhia tem se adequado aos novos tempos. Para isso, tem discutido temas importantes como a abertura de capital, a compra de energia de mercado livre, dentre outras questões. Assim, a Caern utiliza toda a expertise de uma empresa sólida e comprometida, para construir um futuro cada vez melhor

Memória da Água resgata história do saneamento no Oeste

Com o objetivo de resgatar e preservar a história do saneamento na região Oeste do Rio Grande do Norte, a Caern em parceria com a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) estão desenvolvendo o projeto “Memória da Água – 50 anos da Caern no Oeste Potiguar.”

O Núcleo de Documentação Histórica (NUDOPH), do Departamento de História da Uern em Mossoró, possui equipamentos modernos para escanear e catalogar jornais e documentos. Estagiários do curso de História, sob a supervisão acadêmica dos professores Leonardo Rolim e Carlos Torcato do curso de História da Uern, desenvolvem o trabalho. “Neste período, já conseguimos identificar matérias que trazem, por exemplo, o trabalho do primeiro gerente do Distrito Oeste, José Marinho, de quem não tínhamos, até o início do projeto, registro histórico comprovando sua atuação”, lembra o gerente da Regional Oeste, Márcio Bruno Dantas.

Ele lembra que redescobrir mais sobre a história do abastecimento de Mossoró, antes mesmo da criação da Caern, é fundamental para a reconstrução histórica da memória institucional da Companhia. A empresa possui em seu acervo próprio de fotos da década de 50, do primeiro sistema de abastecimento de Mossoró, que estão sob sua guarda. A responsabilidade da Companhia com este material é que o mesmo seja digitalizado e disponibilizado à população.

Os jornais antigos são da coleção do Museu Municipal de Mossoró que também tem participação importante no projeto. Ao disponibilizar seu acervo, o Museu também é contemplado com a digitalização de sua coleção de jornais. “O acervo do Museu também foi essencial para resgatarmos esta história. Contamos com total apoio da direção desde quando o projeto estava embrionário”, reforça Márcio Bruno. A ideia é que o material seja disponibilizado em sites que divulgam periódicos antigos.

Digitalização de jornais antigos no Núcleo de Documentação Histórica

Outra importante contribuição deste projeto será resgatar o livro Minhas Memórias da Batalha da Água, de Vingt-un Rosado. Com o projeto, a publicação será reeditada em formato e-book digital após autorização da família do autor. O livro traz detalhes sobre o abastecimento de Mossoró até o final dos anos 90. A inovação com relação à edição antiga foi a criação de verbetes com a biografia resumida das muitas personalidades históricas citadas por Vingt-un em sua obra.

O gerente da Regional Oeste lembra que este resgate histórico é importante não só para quem é da área, mas para toda a sociedade, afinal a história do abastecimento é a memória viva da história mossoroense e da região Oeste. “Memória institucional das empresas não é um trabalho que interesse apenas os que fazem a empresa. O abastecimento e o saneamento são essenciais à população e para o desenvolvimento das cidades”, ressalta Márcio.

O gerente lembra que o tema do saneamento básico também ganha mais atenção por estar presente dentro da universidade. A possibilidade de mais pesquisas nesta área aumenta, justamente pela maior disponibilidade de documentos históricos. “Sabemos que as grandes empresas estão cuidando de sua memória institucional para agregar valor a seus negócios e contribuir socialmente com a comunidade. Nos 50 anos da Caern, a empresa ratifica sua parceria com a sociedade como empresa pública buscando contribuir com a história do nosso povo.”

No aniversário dos 50 anos da Companhia, em 2 de setembro de 2019, a Caern no Oeste Potiguar quer comemorar fazendo descobertas históricas e preservando o que for encontrado e catalogado. Ao chegar aos seus 50 anos, a Companhia ratifica sua parceria com a sociedade como empresa pública buscando contribuir com a história do povo potiguar.

Água e petróleo recontam história de Mossoró

A história do abastecimento e do petróleo está muito ligada em Mossoró. Nos anos 60, um poço piloto foi instalado na zona rural de Mossoró, conhecido como Panela do Amaro e hoje conhecido como Morada Nova. A ideia era procurar petróleo. Mas o monitoramento do poço mostrou a indicação de perfuração de poços profundos para encontrar água de boa qualidade.

O poço piloto subsidiou ações políticas para iniciar as escavações de poços profundos em Mossoró. O primeiro deles foi inaugurado no final da década de 60 e funciona até hoje por trás do Teatro Dix-huit Rosado. Depois vieram o poço 2 na Delfim Moreira e o três na área do atual escritório do Alto de São Manoel da Caern.

Houve uma sequência de perfurações até que a equipe chegou ao local onde está o poço do Hotel Thermas. Tudo pronto para inaugurar o poço 12 e o que surgiu foi óleo. Era o ano de 1979 e a Petrobras começou sua exploração no Rio Grande do Norte após este incidente. O MO-14 está no Hotel Thermas e é considerado o poço pioneiro no estado pela Petrobras.

Construção do reservatório central da Caern em Mossoró em 1973

Em 2 de setembro de 1969, o governador Walfredo Gurgel criava a Companhia de Águas e Esgotos do RN. Ela substituía o Departamento de Saneamento do Estado. De acordo com o Estudo de Viabilidade Econômica e Financeira, de 1971, a empresa herdou do Departamento de Saneamento do Estado, em 1969, os sistemas de Natal, Mossoró, Caicó, Angicos e Santana do Matos, além do sistema de esgoto de Natal.

Em 1971, a Caern explorava 13 sistemas de abastecimento d’água (Natal, Mossoró, Caicó, Angicos, Santana do Matos, Macaíba, Pau dos Ferros, Assú, Jardim do Seridó, Cruzeta, Acari, Parelhas e São José de Mipibu e se propondo em curto prazo, implantar mais 4 serviços e ampliar alguns dos que já vinham sendo trabalhados.

O documento do Estudo de Viabilidade mostra que em março de 1971 estava prevista a implantação de quatro novos sistemas de abastecimento de água nas cidades de Parnamirim, Canguaretama, Areia Branca e Currais Novos (todos devidamente projetados), bem como a ampliação de outros seis sistemas existentes, quais sejam os das cidades de Natal, Parelhas, Mossoró, Angicos, Caicó e Assú.

Na segunda maior cidade do estado, a primeira sede da Caern foi na atual loja Sport e Magia, no Centro, localizada na Rua Alfredo Fernandes. Depois a sede da Caern foi para a Alberto Maranhão, funcionando no prédio atual na loja La Paola.

A terceira e definitiva sede da Caern é uma história a parte. O prédio moderno da época, localizado no Alto do Louvor, o reservatório até hoje é sede administrativa da Caern e foi inaugurado em 1975. Ele continua sendo o reservatório de maior capacidade na cidade.

O governador Cortez Pereira, que sucedeu monsenhor Walfredo Gurgel no governo estadual, fez grande ampliação no abastecimento de Mossoró. Coube a ele instalar tubulações e redes para levar água a maior quantidade de mossoroenses e aumentar o número de reservatórios na cidade.

Primeiros poços homenageavam personalidades

O primeiro poço profundo de Mossoró, que funciona até hoje, por trás do Teatro Dix-huit Rosado, quando inaugurado no final da década de 60, foi denominado de Costa e Silva, em homenagem ao presidente militar. O poço 2 recebeu o nome do ministro Costa Cavalcanti, que integrava a equipe de Costa e Silva. Já o poço 3 homenageou o geólogo Moacir Vasconcelos, especialista que contribuiu com o abastecimento de Mossoró.

A nomenclatura dos poços continuou a homenagear figuras ilustres até o poço 9. A maior parte destes poços, em função da antiguidade, foi desativada pela Caern, que ficou responsável por novos poços que começaram a ser chamados pela numeração.