PARNAMIRIM RN-Ainda de acordo com o levantamento, as apurações sobre o uso de recursos públicos nas medidas de enfrentamento da crise sanitária da Covid-19 analisam a conduta de oito municípios – Natal, Parnamirim, Lagoa D’anta, Montanhas, Passa e Fica e Nova Cruz.


O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) tem 13 inquéritos civis em andamento para apurar a administração de receitas e possíveis irregularidades nos contratos de serviços, equipamentos ou insumos firmados para o enfrentamento da Covid-19 por municípios potiguares e pelo Governo do Estado.

O levantamento foi feito pelo Agora RN no sistema de consulta pública do Ministério Público Estadual nesta quarta-feira (12). Ao todo, segundo apurou a reportagem do Agora RN, as investigações analisam R$ 67,7 milhões em contratos firmados desde o início das ações para o combate da pandemia.

Ainda de acordo com o levantamento, as apurações sobre o uso de recursos públicos nas medidas de enfrentamento da crise sanitária da Covid-19 analisam a conduta de oito municípios – Natal, Parnamirim, Lagoa D’anta, Montanhas, Passa e Fica e Nova Cruz.

Segundo a pesquisa, a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) é alvo de quatro inquéritos abertos. Todos os procedimentos seguem em andamento. O caso mais antigo é do dia 24 de março. O inquérito aberto pela 47ª Promotoria de Justiça de Natal apura o abastecimento de insumos e a aquisição de equipamentos para atender a demanda decorrente da pandemia de Covid-19. A investigação foi aberta cinco dias após a decretação de estado de calamidade pública no Rio Grande do Norte, no dia 19 de março, em razão da crise sanitária do novo coronavírus.

A última movimentação deste inquérito é do dia 10 de agosto. Foram anexadas informações sobre a prorrogação do estado de calamidade pública estadual, que foi publicado em maio passado. Segundo informações do Portal da Transparência do Governo do Estado, o Rio Grande do Norte já efetuou contratos relacionados com a pandemia que somam R$ 143 milhões em empenhos – a previsão de gasto. Deste valor, o montante de R$ R$ 52 milhões foi efetivamente pago.

Outro inquérito em andamento, de maio passado, investiga a contratação pela Sesap de leitos Covid-19 em dois hospitais privados em Natal. O primeiro contrato, de R$ 6 milhões, abriu 15 leitos – com cinco vagas para Unidade de Terapia Intensiva – no Hospital Memorial. O outro contrato foi firmado com o com Natal Hospital Center, também para 15 leitos, cujo valor firmado é de R$ 4,9 milhões.

Além destes, os promotores também seguem com a apuração relacionada com a aplicação de recursos federais e estaduais destinados às ações do Plano de Contingência Estadual no combate da doença. Até o momento, o Rio Grande do Norte já recebeu de R$ 293,7 milhões do socorro financeiro do governo federal. Na segunda parcela, em julho, o Governo do Estado recebeu R$ 150,8 milhões. O valor é 5,5% maior do que o recebido pelo Estado na primeira parcela, em junho, quando foram creditados R$ 142,9 milhões. Ao todo, o governo potiguar deverá receber R$ 442 milhões.

Outros dois inquéritos têm objetos semelhantes: apurar o uso de recursos transferidos para organizações sociais responsáveis por disponibilizar leitos para o enfrentamento da pandemia no Rio Grande do Norte. Um dos contratos é o que foi firmando emergencialmente com a Liga Norte Riograndense Contra o Câncer, em Natal. A Sesap liberou R$ 22 milhões para utilizar 20 leitos de UTI e outros 20 leitos clínicos.

Além deste, a Pasta firmou contrato com a Associação de Proteção e Assistência a Maternidade e a Primeira Infância de Mossoró (APamim). Foram pagos R$ 1,8 milhão para incremento de 100 leitos clínicos. Há, ainda, o contrato assinado com o Instituto Jurídico para Efetivação da Cidadania e Saúde, de Minas Gerais, que recebeu R$ 10 milhões para a implantação de 30 leitos de UTI a serem instalados no Hospital João Machado (20 leitos), em Natal, e Hospital Regional Alfredo Mesquita Filho (10 leitos), na cidade de Macaíba.

Investigações em Natal

A Secretaria Municipal de Saúde de Natal é listada em dois inquéritos pelo Ministério Público Estadual. O primeiro apura as contratações temporárias para o incremento da força de trabalho. Segundo o Portal da Transparência, a Pasta tem R$ 23 milhões em contratos para a prestação de serviços.

Há contratos com Cooperativa de Médicos do Rio Grande do Norte (Coopmed) e empresas de recursos humanos para a contratação de profissionais da saúde, limpeza e serviços gerais – Prolimp e JMT Serviços. A força de trabalho foi contratada para atuar no Hospital de Campanha, inaugurado em maio, e em outras unidades de saúde da capital.

Outra investigação apura os repasses de recursos federais e estaduais para apoio às ações do Covid-19 em Natal. Ainda de acordo com os dados, a Prefeitura registrou R$ 128,1 milhões em receitas disponíveis para as ações relacionadas com a pandemia. Entre os recursos, estão as transferências federais para as ações emergenciais contra a doença. O Município já recebeu as parcelas de junho e julho do auxílio federal – que já contabilizam R$ 36 milhões. Segundo o portal da transparência, Natal acumula R$ 81 milhões em despesas empenhadas, que é o valor reservado para o gasto público. Contudo, apenas R$ 32 milhões foram efetivamente pagos.

Outros municípios

Os inquéritos relacionados com gastos para a Covid-19 abrangem também outras regiões potiguares. Em 5 de junho, a Promotoria de Justiça da Comarca de Baraúna abriu investigação sobre a contratação de bens e serviços feitos pela Prefeitura de Baraúna. Até esta quarta-feira (12), segundo o Portal de Transparência da gestão municipal, a cidade já registra R$ 994 mil em receitas. No entanto, até o momento, 57% dos recursos foram utilizados, ou seja, R$ 567 mil.

No dia 12 de maio, a 6ª Promotoria de Justiça da Comarca de Parnamirim ininiciou apuração sobre a transparência nas despesas da Prefeitura de Parnamirim para o enfrentamento da crise sanitária. O município aponta, segundo o Portal da Transparência, R$ 11 milhões em receitas definidas para as ações relacionadas com a doença, mas só efetivou 15,83% deste total, o que representa R$ 1,8 milhão em gastos.

Em procedimento semelhante, a 2ª Promotoria de Justiça de Nova Cruz apura o recebimento e emprego de verbas públicas relacionados ao enfrentamento da Covid-19 pelo município de Lagoa D’anta. Até esta quarta-feira (12), o Portal da Transparência apresenta R$ 724.601,00 em receitas destinadas para o enfrentamento da doença, mas apenas R$ 17 mil foram gastos.

Em três portarias publicadas no dia 22 de maio, a mesma promotoria abriu outros três procedimentos para fiscalizar o emprego de verbas públicas no enfrentamento da pandemia nas cidades de Nova Cruz, Montanhas e Passa e Fica. O último inquérito aberto no âmbito do MP é de 6 de julho.

O procedimento aberto pela Promotoria da Comarca de São José de Campestre investiga possível superfaturamento na compra de máscaras N95 pela Prefeitura de São José do Campestre. Supostamente, de acordo com o inquérito ministerial, a compra foi feita a uma farmácia da cidade de Tangará. No entanto, segundo apurou o Agora RN, não há o registro desta compra no Portal da Transparência da cidade São José de Campestre.

NOTÍCIAS RELACIONADAS

 MP apura superlotação de ônibus em Natal

Rate this post



Comentários com Facebook




Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.