NISIA FLORESTA RN-Agente Penitenciário: profissão gera esgotamento físico e mental


mental

Redação   12/02/2019 às 12h06

 O ser humano, quando bem preparado, é capaz de suportar cargas intensas de estresse físico e chegar ao limite da força mental para se manter firme. Atletas de alto rendimento são citados rotineiramente como exemplos de exigência extrema do corpo e do psicológico. No entanto, outros profissionais sofrem pressões ainda maiores em suas rotinas de trabalho. Os Agentes Penitenciários se enquadram nesse perfil.

Profissionais treinados para estarem na linha de frente na manutenção da ordem social, pois é deles a responsabilidade de manter longe das ruas aqueles que cometem as piores atrocidades, os Agentes Penitenciários atuam no limite e pagam um alto preço por isso.

No Sistema Penitenciário brasileiro, são comuns casos de depressão, ansiedade, mau humor, insônia, sensação de vazio, de desamparo, sensação de perseguição, vontade de desistir da profissão e, infelizmente, casos de suicídios dos servidores que atuam nas cadeias.

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a profissão Agente Penitenciário é a segunda mais perigosa do mundo e as pressões sofridas nessa atividade contribuem para os riscos de distúrbios mentais.

Já uma pesquisa realizada pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná, em 2016, mostrou que 46% dos Agentes têm algum problema de saúde diagnosticado. Além disso, 48% dos profissionais disseram tomar medicação contínua, dos quais 82% para tratar doenças de origem psicossocial.

Os Agentes Penitenciários convivem não somente com a pressão de lidarem com os mais perigosos bandidos, com o risco de serem assassinados ou terem seus familiares mortos pelo crime organizado.

Esses profissionais precisam suportar as insalubres condições da maioria dos presídios brasileiros, estando expostos diariamente ao contato com pessoas portadoras das mais variadas doenças, algumas delas de extrema gravidade, como tuberculose e HIV.

Rio Grande do Norte
O Sindasp-RN, que representa os Agentes Penitenciários do Rio Grande do Norte, ressalta que não bastassem todos os problemas oriundos das estruturas precárias e condições degradantes nas unidades prisionais, os servidores do Sistema Penitenciário potiguar ainda enfrentam desmotivação profissional.

Isso acontece por causa da falta de gestão de pessoas dentro do Sistema Penitenciário, pois os Agentes são levados à exaustão física e mental e ainda precisam encarar cobranças humilhantes, perseguições, assédio moral e retirada de direitos.

O Sindicato denuncia que a categoria tem sido alvo de transferências de unidades como forma de punições. Além disso, sofrem tentativa de desconstrução da imagem da profissão, quando os gestores declaram em público que os Agentes nunca trabalharam ou não querem trabalhar.

Ou seja, ao invés de atuar na defesa, reconhecimento do trabalho e valorização do servidor penitenciário, o Estado age para desmotivar ainda mais e aumentar as pressões psicológicas e o estresse físico.

A situação dos servidores penitenciários do RN se agrava ainda mais com a crise financeira instalada no Estado. Os Agentes têm tido dificuldades em quitar os compromissos, em fornecer a assistência necessária aos familiares, e ainda têm que arcar com despesas para irem trabalhar, sem nenhum apoio ou compreensão da gestão, que muitas vezes sacrifica ainda mais o servidor, transferindo-o para uma unidade mais distante da sua residência e da família.

O Sindasp-RN critica ainda a falta de acompanhamento aos Agentes Penitenciários. Atualmente, o Estado não dispõe de nenhum mecanismo de atendimento à saúde do profissional. É preciso que as autoridades saiam da zona de conforto e da omissão, e cuidem da saúde física e mental desses servidores, bem como valorizem a carreira, ratificando a eficiência que esses profissionais têm para o processo de execução penal.

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