Arthur Barbalho
Repórter

As dívidas trabalhistas contraídas pelo ABC ao longo dos últimos anos obrigaram o clube a colocar seu principal patrimônio, o Estádio Frasqueirão, como garantia para o pagamento destas ações. Um termo de compromisso judicial acertado entre o clube e o Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região, em Natal, mostra que a casa alvinegra e receitas da Timemania poderão ser utilizadas para quitar débitos do Mais Querido, caso a agremiação não consiga cumprir os compromissos. A diretoria garante que não há riscos de perder a praça esportiva.

Adriano AbreuEstádio Frasqueirão foi dado como garantia em negociação de dívidas trabalhistas

A reportagem da TRIBUNA DO NORTE conversou na manhã desta segunda-feira (30) com Alexandre Pinto, diretor jurídico do ABC. De acordo com ele, a penhora do Estádio Maria Lamas Farache é a última opção, caso o clube não tenha recursos para quitar mensalmente o valor referente ao acordo judicial, fixado em R$ 70 mil.

“Fizemos um acordo com o Tribunal, que prevê o pagamento de parcelas de R$ 70 mil para amortizar as dívidas trabalhistas. Temos conseguido cumprir esse compromisso sem que seja necessário mexer nos recursos da Timemania, que a primeira opção para bloqueio caso o clube não cumpra o acordado. O Frasqueirão só entra em penhora em último caso”, afirmou ele.

Atualmente, o ABC deve pouco mais de R$ 1 milhão em dívidas trabalhistas, podendo esse valor chegar aos R$ 3 milhões quando os processos que ainda estão em trâmite forem julgados. Segundo Alexandre Pinto, a expectativa do clube é quitar todos os débitos em até sete anos.

“Pelo acordo que foi firmado, o prazo é esse. Pode ser até que quitemos antes. Temos uma primeira fase de pagamentos, que vai até maio do ano que vem, e a partir de junho de 2016 esse valor de R$ 70 mil pode ser reajustado de acordo com a TR (taxa referencial) e a variação da inflação. Acredito que não há riscos de perdermos o Frasqueirão ou qualquer outro bem do clube”, disse ele.

Os valores são depositados em uma conta do TRT, que fica responsável por encaminhar os valores às partes beneficiadas pelos processos.

Finanças

Alexandre Pinto falou ainda sobre a situação financeira do Mais Querido. O diretor afirma que 2015 foi um período mais equilibrado dos últimos anos no clube. “De sete anos para cá, acredito que tenha o ano mais tranquilo, financeiramente falando, para o AB. O clube vai terminar 2015 com todas as despesas normais pagas. A nossa previsão é cumprir com todos os acordos, sem terminar a temporada no vermelho”, garantiu.

Para 2016, porém, o cenário é incerto. “Ainda não dá para prever. Temos que esperar o resultado da eleição. Só a partir disso que poderemos pensar em renovar patrocinadores e trabalhar as receitas do ABC.

Além das dívidas trabalhistas na última sexta-feira (27), o ABC foi condenado a pagar pouco mais de R$ 276 mil ao ex-médico do clube, Roberto Vital. O alvinegro irá recorrer da decisão e busca um acordo com o médico.

Rebaixado da Série B do Campeonato Brasileiro, o Mais Querido agora só volta a campo no Campeonato Estadual do ano. O cenário por enquanto é de incertezas. Tudo depende do resultado das eleições, marcadas para o dia 14 de dezembro. Fabiano Teixeira, candidato da situação; o deputado estadual e conselheiro do clube, José Adécio; além do ex-presidente Judas Tadeu, disputam o pleito.