Mossoró RN; Mossoró está sem planejamento e com seus equipamentos culturais abandonados


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Ao que se evidencia, a falta de planejamento seria o principal problema da Prefeitura de Mossoró. É que, até aqui, todas as ações realizadas pelo Executivo têm sido pontuais e nenhuma delas evidencia o que se chama de atividade pensada.

Exemplo de que a coisa não está boa diz respeito ao anúncio de que a Prefeitura não vai mais iniciar processo licitatório à construção ou compra do Hospital Municipal neste ano. Tampouco irá iniciar a construção do Santuário de Santa Luzia.

Dois projetos bem propagados no ano passado e que chegaram a ganhar viés político na campanha eleitoral do ano passado. Tanto que, com relação ao hospital, já houve uso de R$ 1,5 milhão dos R$ 5 milhões que estavam previstos no orçamento à unidade.

Saliente-se que a promessa de construção dos dois equipamentos públicos foi reforçada durante a leitura de mensagem anual que o prefeito Silveira Júnior (PSD) fez na Câmara Municipal no dia 20 de fevereiro passado. Passados pouco mais de 60 dias, tudo o que foi dito naquele momento caiu por terra, já que houve a informação de que a crise não permitiria nenhum investimento, da parte da Prefeitura, em obras para este ano.

Com relação ao Hospital municipal, a sua construção não fazia sentido algum. Até porque desde que se pensou no programa “RN Sustentável”, na gestão da então governadora Rosalba Ciarlini, que se falava na construção de um Hospital Materno Infantil em área do Campus Central da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Daí que não fazia sentido Mossoró contar com dois hospitais de grande porte para a mesma finalidade.

E ainda mais que a Prefeitura poderá assumir a gestão da unidade que será construída pelo Governo do Estado, conforme entendimento já iniciado nesse sentido.

Assim sendo, os recursos que foram destinados à construção ou aquisição do Hospital Municipal poderiam ter sido direcionados para outras finalidades na área da saúde.

Uma delas seria a conclusão da restauração do Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), localizado no Centro da cidade, por trás da loja Riachuelo. A obra foi iniciada ainda na gestão da ex-prefeita Cláudia Regina (DEM), que teve o mandato cassado.

Silveira Júnior está na Prefeitura de Mossoró há um ano e seis meses e, nesse período, não retomou os serviços.

SAÚDE SUCATEADA

O Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) do Centro, quando estava em funcionamento, ofertava atendimentos odontológicos com dez profissionais. Levando-se em consideração que um dentista atendia até dez pacientes por dia, na semana se teria aí 500 pacientes/semana.

Ao mês, chegava-se ao número de dois mil atendimentos. Como o serviço foi transferido para área anexa ao prédio da Vigilância Sanitária e que não possui salas para acomodar os profissionais, alguns destes foram transferidos para o plantão odontológico nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), onde não se realiza nenhum procedimento odontológico.

Outra finalidade dos recursos seria a restauração e ampliação da Unidade Básica de Saúde Maria Soares da Costa, localizada no bairro Alto de São Manoel. A UBS aguarda reforma há dois anos e os servidores “comemoraram” esse tempo com bolo e refrigerante. A unidade foi parcialmente interditada e não oferta serviços de laboratório. A sala de odontologia também foi interditada. O problema maior decorre de rachaduras que comprometem o teto do prédio.

Por dois dias consecutivos, o repórter tentou conversar com a secretária municipal de Saúde, Leodise Cruz. Na terça-feira, ela não estava na pasta, segundo servidores. Na quarta-feira, na primeira tentativa, Leodise avisou que estaria em uma reunião e que poderia falar em um prazo de 40 minutos. Depois desse tempo, o repórter fez nova ligação, mas a secretária disse que não poderia conversar, pois iria participar de um evento. E deixou claro que não tem intenção alguma de falar com o JORNAL DE FATO.

 

CORREDOR CULTURAL ABANDONADO

Faltando pouco mais de um mês para o “Mossoró Cidade Junina”, a vitrine cultural que insere maior parte da programação do evento não está apropriada para receber turistas e visitantes. Do Parque da Criança à Praça de Esportes, tudo precisa de reparos. O que era para ser espaço de lazer e entretenimento para as famílias, especificamente às que têm filhos menores, se tornou um amontoado de pequenos danos e defeitos, os quais – quando somados – representam grande falha com relação à falta de manutenção.

Saindo de lá, tem a Praça de Eventos e, bem perto, a Estação das Artes Elizeu Ventania. Mais adiante, o Teatro Municipal Dix-huit Rosado, passando posteriormente ao Memorial da Resistência, Praça da Convivência, Largo Deodete Dias e a Praça de Esportes. Destes equipamentos públicos, apenas a última tem indicação de recuperação, com uma placa que anuncia investimento de R$ 276 mil.

Mas a questão é que a Praça de Esportes pouco é usada durante o evento. Assim como o Teatro e o Memorial. Mas estes dois fazem parte do chamado encanto visual que o turista ou visitante pode ter com a segunda maior cidade do Rio Grande do Norte. E, ao chegarem por estas bandas, turistas e visitantes não têm, até agora, nenhum motivo para externarem admiração ou contentamento com o que verão.

O Teatro Municipal Dix-huit Rosado, por exemplo, está visualmente aos pedaços. Não literal. Ou quase. É que parte externa do prédio, que é encoberta por cerâmicas, não está com visual apropriado para ser mostrada durante o “Mossoró Cidade Junina”. De longe ou de perto, a visão que se tem é que o teatro está “descamando” e apresenta falhas em várias partes da sua estrutura.

Ali bem perto tem o Memorial da Resistência, que apresenta sinais de abandono em sua estrutura. Pichações, além de janela quebrada na parte superior do prédio, especificamente onde se localiza a sala para exposições. No sábado da semana passada, o bar Cafezal sofreu as consequências de curto-circuito e o fogo destruiu o interior do estabelecimento. Os resquícios estão do lado de fora, com manchas pretas na parede.

E, saliente-se, é neste espaço em que, nos últimos três anos, ocorreu a abertura oficial do “Mossoró Cidade Junina”. Foi assim na gestão final da então prefeita Fafá Rosado e sequenciada por Cláudia Regina. O prefeito Francisco José Júnior (PSD), no ano passado, lançou o evento por lá. É onde se dá o lançamento do evento e onde inicia, efetivamente, o período junino em Mossoró com o “Pingo da Mei Dia”, que é marcado por uma espécie de arrastão, com trio elétrico circulando pelo corredor cultural. E esse arrastão, quer queira quer não, acaba explicitando o que a Avenida Rio Branco tem de pior: descaso e abandono com os equipamentos culturais da cidade.

O que se vê na Avenida Rio Branco é um reflexo do que vem da periferia. São praças abandonadas, ruas esburacadas, Unidades Básica de Saúde sem manutenção, além de outros problemas que se avolumam e tomam conta do município.

MEMORIAL ESTÁ SENDO DESTRUÍDO

Em 17 de janeiro deste ano a Revista Domingo publicou material focalizando o abandono do teatro Municipal Dix-huit Rosado, bem como da depredação do Memorial da Resistência. À época, evidenciou-se que o teatro, além da falha na sua parte externa (com descolamento de cerâmicas, cuja realidade enfeia o que foi construído para também embelezar a Avenida Rio Branco), também apresentava problema interno. Especificamente no que diz respeito aos banheiros e assentos. Estes problemas foram sanados.

Mas a grande dificuldade, ao que parece, está na reforma geral dos equipamentos culturais, nos quais se insere o Parque da Criança, pois integra o complexo de entretenimento da Avenida Rio Branco. Em janeiro, quando foi ouvida pela reportagem da Revista Domingo, a Secretaria de Cultura respondeu que estaria avaliando a possibilidade de reforma. Principalmente no Teatro Municipal e no Memorial da Resistência.

Passados três meses, ainda não se tem informações acerca de projetos que contemplem o Teatro e ou o Memorial. E os problemas persistem: mal cheiro, pichações e painéis quebrados. Recentemente, a loja do Memorial foi arrombada em virtude da falta de segurança no local.

O repórter foi atrás de informações da Prefeitura de Mossoró acerca de algum projeto que beneficiasse os equipamentos da Avenida Rio Branco. Primeiramente, foi feito contato com a secretária municipal de Cultura, Isolda Dantas. Ela, contudo, não estava na pasta, segundo informações de uma servidora. Em contato mantido, via Facebook, com a Secretaria Municipal de Comunicação Social, a informação passada foi de que o tema poderia ser tratado com a chefe de Gabinete, Glaudionora Silveira.

Segundo Glaudionora, a equipe da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Habitação está elaborando um projeto de reforma para os equipamentos do Corredor Cultural. “O pessoal está fazendo um levantamento e não posso falar em datas (para o início dos serviços). Tudo está sendo estudado e agora está sendo feito mapeamento do Corredor Cultural”, informou Glaudionora.

A chefe de Gabinete da Prefeitura de Mossoró acrescentou que somente quando o mapeamento for concluído é que a equipe da Infraestrutura vai se debruçar à elaboração do edital relacionado à licitação dos serviços. Geralmente, quando se fala em processo licitatório, o prazo inicial é de 90 dias. Isso se nenhuma empresa apresentar embargos.

Assim sendo, a restauração do Teatro Municipal Dix-huit Rosado, Memorial da Resistência e do Parque da Criança, em um prazo projetado pelo repórter, deve ser iniciada lá para o mês de agosto. Dois meses depois do Mossoró Cidade Junina.

 

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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