MEU PARTO FOI ‘ROUBADO’,AFIRMA MÃE FORÇADA A FAZER CESÁREA NO RS


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Internada desde a madrugada de terça-feira (1) e obrigada a passar por uma cesárea por decisão da Justiça, a dona de casa Adelir Carmem Lemos de Goes, 29, disse ontem que pretende processar médicos e hospital por não ter conseguido fazer um parto normal. “Tive meu parto roubado”, disse por celular, da enfermaria do hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres (a 193 km de Porto Alegre). Conforme revelou a Folha ontem, a mulher, grávida de 42 semanas, foi levada por policiais ao hospital para passar pela cirurgia depois de a Justiça acatar um pedido do hospital e da Promotoria que alegavam “risco iminente de morte” da mãe e da criança. A unidade de saúde voltou a defender ontem a avaliação de duas médicas e disse que já havia sofrimento do bebê. “A correção dessa indicação médica foi confirmada no parto, devido à presença de mecônio [fezes] do nenê na cavidade abdominal da mãe, demonstrando sofrimento fetal”. O promotor Octávio Noronha disse que a medida foi necessária devido à opinião “irredutível” da mulher. “A vida da criança não pode ser deixada em segundo plano.”
A polêmica começou quando a gestante foi ao hospital com dores. A médica determinou que ela fizesse uma cesárea. O bebê, disse, estava sentado. Para ela, esse fato impedia um parto normal. Para a obstetra Melania Amorim, as justificativas para a cesárea são “um mito”. O obstetra Corintio Neto diz que foram corretas. Após dar à luz a uma menina, Adelir disse não ter sido informada de que havia riscos. Afirmou que, se houvesse perigo, não se recusaria a passar por uma cesárea, mas que ainda não está convencida de que isso era preciso. “Quis ouvir uma segunda opinião de fora do hospital, mas negaram”, disse. “Não fui irresponsável. Sabia aquilo que era melhor para nós.” Mãe também de um menino de 7 anos e de uma menina de 2, ela afirmou que se sentiu “enganada” por médicos nas gestações anteriores, quando passou por cesáreas. “Na primeira vez tive cesárea porque não tinha dilatação e na segunda pois estava com 41 semanas de gravidez. Só depois fui saber que não existe indicação real para a cesárea”, comenta. Uma gestação completa dura de 37 a 42 semanas. Adelir diz que a frase “cesárea, sempre cesárea” é muito ouvida por gestantes que tentam o parto normal e que muitas mulheres acabam desistindo por, segundo ela, “falta de informação”. A dona de casa diz ter estudado muito sobre esse assunto e que estava acompanhada de uma doula -profissional que dá suporte físico e emocional a gestantes. Ela negou que tivesse a intenção de ter o bebê em casa. “Estava esperando o parto estar mais ativo para ir ao hospital. Só fui lá para passar por uma avaliação. As próprias enfermeiras falam que, para conseguir um parto normal aqui [no hospital], só é possível se o bebê já chegar coroando”, comenta. Ela conta que ao ser levada para o hospital, estava com 9 centímetros de dilatação – a dilatação total é de 10 centímetros. “Mesmo assim fui para o centro cirúrgico”, lamenta. Adelir reclamou ainda que seu marido não pôde acompanhá-la no parto, apesar de lei federal que permite a presença do acompanhante. Ela disse ainda que foi insultada pela médica, que a chamava de “irresponsável”. O caso da gestante ganhou repercussão após a doula dela, Stephany Hendz, falar sobre a decisão judicial nas redes sociais. Várias ativistas do parto humanizado trocaram fotos no perfil com imagens na cor preta com a frase “a luta pelo parto está em luto”. Elas começam a se organizar para fazer um protesto contra a decisão. A assessoria do hospital afirmou que não houve “agressividade” e que ele não pôde participar porque estava “exaltado”.Edição Folha De São Paulo Vídeo R7
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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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