MACAU RN-A difícil tarefa de culpar com isenção na atual tragédia brasileira, por Francy Lisboa


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por Francy Lisboa

A incapacidade de enxergar o novo não deveria ser crítica proferida por ninguém. O novo foi cantado em verso e prosa quando cartazes diziam não ser por apenas duas dezenas de metal. Quem ali viu o novo não foi capaz de prever que o nascido despertar tiraria das sombras ratazanas suíças, e como a dimensão, o plano vivente,  mudaria para cenário de pesadelo antidemocrático.

Isso diluía a dívida dos patrocinadores do gérmen do golpe? Claro que não, mas por questões de simplicidade, a objetividade jornalística precisa ser reducionista para que a história seja mais palatável.  Predições sempre foram e sempre serão perigosas, e a culpa das desilusões deveria ser encarada com a frustração devida, não há jeito, todos tem sua parcela de culpa.

Sim, infelizmente, dizer que o partido que esteve na presidência da República desde 2003 cometeu erros é chover no molhado. Cobrar autocrítica como “se só o bem lhe quisesse” adiantaria tanto para a mudança do cenário sombrio no qual nos encontramos quanto gritar dentro de um trem com janelas abertas.

Tempos atrás, aqui mesmo nesse espaço, houve um texto dizendo que uma das formas de contemporarização é justamente a diluição de culpados. Obviamente, isso é assumir que culpar é um ato de escolha e não de análise sóbria que usualmente vai contra aquilo que se quer: simplificar para adequar a uma narrativa.

Mas é claro, o partido que não está mais na presidência não pode ficar culpando a mídia, a PF, o Judiciário. Ele deve concentrar toda a culpa pelo desvio de moralidade alheia. Esse discurso é útil, pois, como disse, facilita a construção de um enredo. A nossa natureza punitiva explica isso, mas ao mesmo tempo dá pistas de o porquê de não tirarmos as vendas para enxergar uma verdade inconveniente, em especial para os telecomunicadores: culpar com isenção é complexo demais para atender o desejo de simplificação.

Nossa simplificação, nós mais a esquerda, é associar ao mau qualquer ideia da Direita. Isso simplifica as coisas. Bem, a Direita, por sua vez, também simplifica e muito, em um nível que ultrapassa muitas vezes a barreira do absurdo para fazer surgir o ridículo. No final, tudo é o mesmo,  simplificar para adequar a nossa narrativa.

O cenário brasileiro não permite essas simplificações de que tudo é culpa da miopia política do PT, pode até ser justificável sobre o ponto de vista da narrativa mais fácil da imparcialidade. Aliás, isso é ponto a ser lembrado. O Governo é do Sindicato dos ímpios, mas a narrativa buscando a imparcialidade está levando certo tempo para perceber que o PT já apanhou o suficiente. Talvez, depois da consumação do golpe, o Partido deixa de ser o foco central da simplificação do cenário brasileiro e ceda o bastão para um sei lá quem.

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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