GUAMARÉ RN-SOBRE MAIS UM SUICÍDIO NA CATEGORIA PETROLEIRA


Autor:

Márcio Dias

A saúde física e mental da categoria petroleira sempre foi pautada com prioridade pela Diretoria Colegiada do SINDIPETRO-RN. Sem essas duas prerrogativas é impossível que um trabalhador consiga se manter integro e saudável para executar suas atividades no exercício da função designada. Desde a proteção via EPI (equipamento de proteção individual) até o acompanhamento psicológico nas áreas mais remotas onde o auxílio a saúde ainda é precário e de difícil acesso.

O artigo do Diretor de Comunicação, Márcio Dias, relata um pouco do sentimento da direção do SINDIPETRO-RN a respeito da fragilidade da vida e da se manter bem, no corpo e na mente.

 

SOBRE MAIS UM SUICÍDIO NA CATEGORIA PETROLEIRA

 

por Márcio Dias

 

“O medo cala a boca dos inocentes e faz prevalecer a verdade dos culpados”.

Acabo de receber uma notícia muito triste. Mais um companheiro petroleiro, Venceslau Santos, não resistiu a depressão e, em meio ao sofrimento e dívidas, cometeu atentado contra a própria vida e se suicidou.

O que posso dizer nesse momento? O que posso refletir? É mais um? Para os amigos e, principalmente, familiares as palavras de consternação e solidariedade são importantes mas, são apenas palavras, porque quem fica com a dor da perda e da ausência são eles.

O fato é que, como ele, milhares de trabalhadores e trabalhadoras estão fazendo o mesmo. Muitos outros estão doentes com depressão e muitos outros estão enlouquecendo, literalmente.

Mas, o que leva uma pessoa ao desespero e ao ato extremo de cometer suicídio? Não existe resposta pronta para essa pergunta mas, penso que são muitos os fatores que podem levar o ser humano ao desespero de tirar a própria vida.

Antes de mais nada, destaco que o suicídio é uma questão que diz respeito a esfera da vida privada e as angústias da existência humana numa sociedade capitalista onde o idealismo impede os trabalhadores de enxergar as relações sociais deletérias e injustas que os submete a dura realidade de uma vida cada vez mais sem perspectivas, diante de uma luta de classes muito desigual que só favorece os donos do capital.

O suicídio é, em última análise, uma fuga diante do desespero e da incapacidade do indivíduo encontrar uma saída para enfrentar os problemas que afligem sua vida e uma “punição” aos que, na visão do suicida, o levaram ao ato extremo.

É, também, fato que em momentos de maldição política como o que estamos vivenciando em nosso país, esse tipo de situação é muito comum e é preciso ter muita tenacidade, equilíbrio, consciência política e amor a vida e ao próximo para enfrentar essa situação.

É necessário que cada um de nós compreenda que, quase sempre, somos os líderes familiares, pelo menos esse é o meu caso, e, também, exercemos liderança no ambiente de trabalho e junto a muitos amigos e, fundamental, compreender que nossa condição de vida no contexto da luta de classes é coletiva e não uma praga individualista.

Não podemos, simplesmente, fraquejar e se render. Temos que seguir lutando, incentivar e convencer que outros continuem lutando por tudo que dá sentido às nossas vidas.

Infelizmente, o nosso colega petroleiro não conseguiu compreender essa realidade para resistir a esse mar de angústias, sofrimentos, injustiças e covardia tão presentes em nosso país e, particularmente, no ambiente Petrobrás.

Fico pensando nos nossos colegas que sequer tem a coragem de seguir lutando por um Acordo Coletivo de Trabalho e preferem se render a Castelo Branco, Bolsonaro e sua gang sob as mais diversas desculpas, quase sempre de cunho individualista na base do “salve-se quem puder”.

Lamento tudo isso, mas não os culpo pelo egoísmo individualista e, por isso mesmo, resolvi escrever esse texto carregado de angústias, revolta contida e sofrimento político. Falo para o coração de todos, para que possam refletir e quem sabe despertar, senão o sentimento de pertencimento de classes mas, pelo menos, que o sentimento de humanismo passa invadir seus corações e mentes.

Agora, um relato especial e que tem a ver com esse momento. No dia 12 próximo passado, a diretoria do SINDIPETRO-RN esteve reunida em audiência com o Bispo da Diocese de Natal Dom Jaime que nos recebeu muito bem. Fomos pedir apoio para a nossa campanha “Pelo povo potiguar, a Petrobrás fica no RN”.

Na oportunidade, relatamos o que está acontecendo na Petrobrás. Falamos sobre os ataques aos nossos direitos, o entreguíssimos das nossas riquezas, a perversidade do “governo” Bolsonaro, a covardia de Moro, Dallanghol e sua quadrilha.

Falamos sobre a manipulação da imprensa golpista, a ignorância de boa parte do nosso povo. Falamos sobre a prisão política do presidente Lula e, como não poderia deixar de ser, falamos, também, sobre o papa Francisco e sua luta para mudar a igreja católica e o pensamento religioso em nosso mundo de intolerância. Tiramos até uma fotografia histórica com a imagem do Papa Francisco ao fundo.

Posso resumir nossa conversa com as seguintes palavras “Entre todos os que apoiam e se rendem a desgraça do desgoverno Bolsonaro, a gestão entreguista de Castelo Branco e sua gang, muitos se dizem cristãos e dizem que tem Deus e Jesus no coração mas, na verdade, o coração e a consciência deles foram sequestradas e esqueceram valores básicos como a solidariedade e a coragem para lutar como irmãos de classe contra tudo isso”.

De nossa parte, seguiremos sempre em frente para não sentir a vergonha de não ter lutado por dignidade na vida e no trabalho.

Por fim, a nossa solidariedade aos familiares e amigos do nosso colega Venceslau e que todos possam seguir em frente segurando nas mãos uns dos outros para tocar suas vidas de cabeça erguida!A saúde física e mental da categoria petroleira sempre foi pautada com prioridade pela Diretoria Colegiada do SINDIPETRO-RN. Sem essas duas prerrogativas é impossível que um trabalhador consiga se manter integro e saudável para executar suas atividades no exercício da função designada. Desde a proteção via EPI (equipamento de proteção individual) até o acompanhamento psicológico nas áreas mais remotas onde o auxilio a saúde ainda é precário e de difícil acesso.

O artigo do Diretor de Comunicação, Márcio Dias, relata um pouco do sentimento da direção do SINDIPETRO-RN a respeito da fragilidade da vida e da se manter bem, no corpo e na mente.

SOBRE MAIS UM SUICÍDIO NA CATEGORIA PETROLEIRA

por Márcio Dias

“O medo cala a boca dos inocentes e faz prevalecer a verdade dos culpados”.

Acabo de receber uma notícia muito triste. Mais um companheiro petroleiro, Venceslau Santos, não resistiu a depressão e, em meio ao sofrimento e dívidas, cometeu atentado contra a própria vida e se suicidou.

O que posso dizer nesse momento? O que posso refletir? É mais um? Para os amigos e, principalmente, familiares as palavras de consternação e solidariedade são importantes mas, são apenas palavras, porque quem fica com a dor da perda e da ausência são eles.

O fato é que, como ele, milhares de trabalhadores e trabalhadoras estão fazendo o mesmo. Muitos outros estão doentes com depressão e muitos outros estão enlouquecendo, literalmente.

Mas, o que leva uma pessoa ao desespero e ao ato extremo de cometer suicídio? Não existe resposta pronta para essa pergunta mas, penso que são muitos os fatores que podem levar o ser humano ao desespero de tirar a própria vida.

Antes de mais nada, destaco que o suicídio é uma questão que diz respeito a esfera da vida privada e as angústias da existência humana numa sociedade capitalista onde o idealismo impede os trabalhadores de enxergar as relações sociais deletérias e injustas que os submete a dura realidade de uma vida cada vez mais sem perspectivas, diante de uma luta de classes muito desigual que só favorece os donos do capital.

O suicídio é, em última análise, uma fuga diante do desespero e da incapacidade do indivíduo encontrar uma saída para enfrentar os problemas que afligem sua vida e uma “punição” aos que, na visão do suicida, o levaram ao ato extremo.

É, também, fato que em momentos de maldição política como o que estamos vivenciando em nosso país, esse tipo de situação é muito comum e é preciso ter muita tenacidade, equilíbrio, consciência política e amor a vida e ao próximo para enfrentar essa situação.

É necessário que cada um de nós compreenda que, quase sempre, somos os líderes familiares, pelo menos esse é o meu caso, e, também, exercemos liderança no ambiente de trabalho e junto a muitos amigos e, fundamental, compreender que nossa condição de vida no contexto da luta de classes é coletiva e não uma praga individualista.

Não podemos, simplesmente, fraquejar e se render. Temos que seguir lutando, incentivar e convencer que outros continuem lutando por tudo que dá sentido às nossas vidas.

Infelizmente, o nosso colega petroleiro não conseguiu compreender essa realidade para resistir a esse mar de angústias, sofrimentos, injustiças e covardia tão presentes em nosso país e, particularmente, no ambiente Petrobrás.

Fico pensando nos nossos colegas que sequer tem a coragem de seguir lutando por um Acordo Coletivo de Trabalho e preferem se render a Castelo Branco, Bolsonaro e sua gang sob as mais diversas desculpas, quase sempre de cunho individualista na base do “salve-se quem puder”.

Lamento tudo isso, mas não os culpo pelo egoísmo individualista e, por isso mesmo, resolvi escrever esse texto carregado de angústias, revolta contida e sofrimento político. Falo para o coração de todos, para que possam refletir e quem sabe despertar, senão o sentimento de pertencimento de classes mas, pelo menos, que o sentimento de humanismo passa invadir seus corações e mentes.

Agora, um relato especial e que tem a ver com esse momento. No dia 12 próximo passado, a diretoria do SINDIPETRO-RN esteve reunida em audiência com o Bispo da Diocese de Natal Dom Jaime que nos recebeu muito bem. Fomos pedir apoio para a nossa campanha “Pelo povo potiguar, a Petrobrás fica no RN”.

Na oportunidade, relatamos o que está acontecendo na Petrobrás. Falamos sobre os ataques aos nossos direitos, o entreguíssimos das nossas riquezas, a perversidade do “governo” Bolsonaro, a covardia de Moro, Dallanghol e sua quadrilha.

Falamos sobre a manipulação da imprensa golpista, a ignorância de boa parte do nosso povo. Falamos sobre a prisão política do presidente Lula e, como não poderia deixar de ser, falamos, também, sobre o papa Francisco e sua luta para mudar a igreja católica e o pensamento religioso em nosso mundo de intolerância. Tiramos até uma fotografia histórica com a imagem do Papa Francisco ao fundo.

Posso resumir nossa conversa com as seguintes palavras “Entre todos os que apoiam e se rendem a desgraça do desgoverno Bolsonaro, a gestão entreguista de Castelo Branco e sua gang, muitos se dizem cristãos e dizem que tem Deus e Jesus no coração mas, na verdade, o coração e a consciência deles foram sequestradas e esqueceram valores básicos como a solidariedade e a coragem para lutar como irmãos de classe contra tudo isso”.

De nossa parte, seguiremos sempre em frente para não sentir a vergonha de não ter lutado por dignidade na vida e no trabalho.

Por fim, a nossa solidariedade aos familiares e amigos do nosso colega Venceslau e que todos possam seguir em frente segurando nas mãos uns dos outros para tocar suas vidas de cabeça erguida!

 

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