Por Josias de Souza

Alguma coisa subiu à cabeça do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). Não se sabe o quê. Mas já é possível dizer que não se trata de sensatez. Diante da anotação negativa que a agência Standard & Poor’s acomodou no boletim do Brasil, o líder de Dilma Rousseff sacou sua ira do coldre e distribuiu rajadas de trovoadas e de raios que os partam:

“Essas agências não têm nada que se meterem no Brasil, deviam estar preocupadas com a vida delas, não com o Brasil”, ralhou o deputado. “Essa crise, em certa medida é forjada. Enquanto a agência fica com essas firulas, a população está consumindo. Elas prestam um desserviço ao Brasil, não têm que ficar dando pitaco na vida interna do Brasil. Essas análises não deveriam nem ser levadas em conta, isso não tem a menor importância.”

O melhor a fazer é não levar as análises do companheiro Guimarães em conta. Elas não têm a menor importância. O governo colhe o que plantou, conforme ensinouLula em 2008, ao festejar a decisão da mesma Standard & Poor’s de conceder ao Brasil o selo de bom pagador:

“Fico extremamente feliz quando recebo a notícia de que a segunda agência reconhece o Brasil como ‘investment grade’”, disse esse Lula de sete anos atrás. “No fundo, estamos colhendo aquilo que foi plantado pelo povo brasileiro, e acho que isso demonstra que quem trabalha com seriedade e muita objetividade termina vencendo, conquistando seus objetivos.”

De resto, alguém precisa avisar ao companheiro Guimarães que, goste-se ou não delas, as agências de classificação de risco são tomadas a sério pela maioria dos investidores. Tem gente que tem medo de passar debaixo de escadas. E tem gente que tem horror de botar dinheiro em lugar governado por pessoas capazes de tudo ou incapazes de todo.

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