GUAMARÉ RN-Ataque à indústria de carnes é mais um capítulo do desmonte, por Pedro Celestino


Ataque à indústria de carnes é mais um capítulo do desmonte, por Pedro Celestino

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Do Clube de Engenharia

Por Pedro Celestino, presidente do Clube de Engenharia
As exportações brasileiras provenientes do agronegócio (soja, açúcar, café, milho, cacau etc.) são realizadas por meio de empresas estrangeiras, tais como Bunge, Cargill e Dreyfus. São essas tradings que formam os preços. Elas compram as safras, muitas vezes, antes mesmo do plantio, travam os preços, e os manipulam nas Bolsas de Chicago, New York e Londres. Têm armazéns espalhados pelo país, e terminais nos nossos principais portos. Em resumo, nos grãos, o empresário brasileiro se resume à atividade agrícola e é refém desses grandes grupos.
Já no caso das proteínas animais, toda a cadeia produtiva, e também a formação de preços, é comandada por brasileiros, que chegam a controlar grandes plantas frigoríficas aqui e nos EUA, Austrália e Argentina. Isso dá aos grupos brasileiros invejável posição no comércio internacional, com marcas reconhecidas nacional e internacionalmente, relações comerciais de décadas e práticas, inclusive no abate, adequadas aos diversos mercados e até aos preceitos religiosos mais peculiares.

Por tudo isso, a operação desencadeada pela Polícia Federal na última sexta-feira, cujas fragilidades na apuração dos fatos começaram a surgir já no fim de semana, não pode ser qualificada apenas como temerária e irresponsável. Está claro que o ataque a grupos como JBS e BRF, nossos principais exportadores de carnes, não é acidental.

Insere-se na lógica do desmonte da Petrobrás e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e da fragilização das empresas de engenharia brasileiras, processo que, se não for revertido, nos levará de volta aos tempos de colônia. Pior que isso, contribuem para aumentar o contingente de quase 20 milhões de desempregados no país.

Para citar apenas a BRF, são mais de 100 mil empregados, responsáveis por colocar no mercado produtos de 30 marcas, exportados para 150 países. Para esse contingente de trabalhadores, o emprego nas plantas do grupo, em dezenas de municípios brasileiros, é uma das poucas alternativas de ocupação formal, que segue à risca as regras do regime geral de trabalhadores, ou seja, carteira assinada, vale transporte e alimentação, sem falar em benefícios adicionais, como planos de saúde.

A operação Carne Fraca atinge não apenas a reputação de grandes grupos brasileiros, mas principalmente a autoestima e o orgulho desses trabalhadores. Primeiro porque coloca em dúvida, sem a devida comprovação, a qualidade do produto que colocam diariamente no mercado. Depois, porque coloca em risco seus empregos e todo esse modelo de segurança social, que nem sempre é seguido em países que se colocam hoje como investidores preferenciais em ativos brasileiros.

Acreditar que os fatos narrados nos últimos dias ocorrem diariamente em dezenas de fábricas brasileiras é imputar a milhares de trabalhadores uma culpa que não têm. Na verdade, não se pode supor que tenham sido coniventes durante tantos anos, mas é certo que estão correndo o risco de se tornarem as maiores vítimas de uma ação que, se não foi criminosa, foi certamente inconsequente.

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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