Uma das vítimas do motorista da Uber Alexandre Rodrigues de Sousa, de 41 anos, preso suspeito de ao menos dois estupros e uma tentativa, disse que temeu por sua vida após ser atacada, em Goiânia. A vendedora de 20 anos, que prefere não se identificar, lembra que foi ameaçada e agredida. Ela diz ainda que só consegui escapar após dar um soco no homem e pedir ajudar a um vizinho do local onde era abusada. A empresa diz que o homem foi banido do app.

A jovem relata que Alexandre deu choques elétricos em sua garganta e na sua virilha com uma arma disfarçada de lanterna. Quando era enforcada, ela conseguiu bater no suspeito. “Nessa hora ele ficou mais nervoso e bateu minha cabeça no vidro. Achei que ele ia me matar porque ele começou a me enforcar e falou: ‘para de gritar senão vou te apagar para fazer tudo que eu tenho vontade'”, lembra.

Naquele instante, ela cita que “entrou em desespero” e mesmo com as ameaças, começou a gritar. Com muito custo, conseguiu dar outro soco no motorista, destrava a porta e correr. Câmeras de segurança mostram a vítima na calçada correndo em busca de socorro (assista acima).

Porém, o ataque não parou ali. A garota revela que o homem quase a atropelou. “Tinha tirado o meu salto e ele jogou nas minhas costas. [Depois] subiu em cima da calçada para tentar me atropelar. foi quando cheguei em um condomínio fechado e comecei a interfonar e ninguém abriu. Batia e ninguém aparecia. Um vizinho ouviu o meu grito e deu dois tiros para cima e ele fugiu”, conta.

Ataques
Este foi o primeiro caso em que Alexandre foi denunciado para a polícia e aconteceu no dia 2 de novembro. Ela saia de um show na capital quando foi abordada pelo suspeito. Ele se aproximou oferecendo levá-la para casa por um valor combinado.

“Ele chegou falando que era Uber, eles combinaram um preço e ela entrou no carro. Quando eles chegaram ao setor Crimeia Leste, ele parou o carro, deu choques na virilha e nuca da jovem e a estuprou dentro do carro. Depois ele a abandono na rua e fugiu”, contou a delegada Ana Elisa Gomes, responsável pela investigação.

No dia 19 de novembro, ele abordou uma jovem de 22 anos saindo de uma boate no Setor Marista. Assim como no primeiro caso, ele combinou um valor fixo com a passageira e não usou o aplicativo para registrar a corrida. “Nesse caso, ele não conseguiu abusar da passageira. Quando ele virou para trás para dar o choque, ela conseguiu sair do carro e fugir. Ela teve a bolsa e o celular roubados pelo motorista”, contou a delegada.

O terceiro crime aconteceu no dia 17 de dezembro, quando duas mulheres foram abordadas por ele na saída de uma boate. Segundo a polícia, elas entraram no carro também após combinar o preço e aceitar não registrar a corrida pelo aplicativo. O motorista deixou uma delas em casa, se dirigiu até o Parque Anhanguera e estuprou a segunda passageira, de 25 anos. Nesse caso, ele também usou a arma de choques para ameaçar a vítima, que também teve os pertences roubados.

O homem foi preso na sexta-feira (27), no Setor Garavelo B, em Goiânia. Com ele foi localizado máquinas de cartão, a arma de choque disfarçada de lanterna e um celular com o aplicativo da Uber instalado. “Os pertences das vítimas, como celulares, não foram localizados. Ele vendia esses aparelhos em um site de comércio”, esclareceu a delegada.

O motorista vai ser indiciado por estupro e roubo. A polícia ainda investiga se outras mulheres foram vítimas do suspeito.

A assessoria de imprensa da Uber informou ao G1, por telefone, que os crimes pelos quais o motorista é suspeito não foram cometidos usando a plataforma e que ele foi banido do aplicativo. Além disso, ressaltou que a empresa Uber colabora com as autoridades dentro do que estabelece o Marco Civil, que pede ordem judicial para dividir dados específicos.