FOTOS IMAGENS-‘Só lembro quando eu vi os vagões voando’, diz sobrevivente de Brumadinho que foi resgatado em máquina na Vale


 


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“Tudo rápido”, relembra sobrevivente que foi salvo por amigos que estavam em caminhonete

“Foi tudo muito rápido. Eu só lembro quando eu vi os vagões voando”, afirmou Leandro Borges Cândido, um dos sobreviventes da tragédia da Vale, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ele é o homem que estava na máquina de pá carregadeira que aparece na câmera de monitoramento sendo engolida pela onda avassaladora de lama, minutos depois que a barragem se rompeu.

A máquina gigantesca que era usada para jogar minério dentro dos vagões parecia um brinquedo na onda de lama. Ela aparece perto da caminhonete onde dois homens também lutavam pela vida. Leandro contou como foi o momento de desespero.

“Eu estava na lança A, fazendo carregamento de vagões. Onde começou que a lama encontrou uma com a outra. Ela veio por trás e veio pela lança A. Então, eu voltei com a máquina para trás, correndo, sem saber o que tinha acontecido ainda. Aí, onde foi tudo rápido. Daí eu já vi a lama entrando dentro da carregadeira, ela quebrou o para-brisa. E eu no desespero de sair de dentro dela eu tirei o cinto e quebrei o vidro da lateral, na intenção de sair”, contou.

E foi nesse momento que Leandro conseguiu sobreviver. A máquina não foi levada pelo tsunami de rejeitos. “Só que aí foi rápido demais. A lama veio tomando conta. Ela veio subindo comigo. Deitou meu corpo todo. Eu fiquei tampado até na altura do pescoço”.

Ele foi salvo por dois amigos, Sebastião e Elias, que conseguiram sair da caminhonete branca, que ficou sobre o rejeito. Ele disse que olhou para o lado e percebeu a dupla então pediu ajuda. “Eu pedi socorro. E eles vieram. Eu estava com muita dificuldade de respirar. Eles vieram. Eu pedi para eles tirar a lama que estava obstruindo e dificultando a respiração. Eles vieram graças a Deus, com muita dificuldade eles conseguiram tirar aquele peso todo da minha barriga, do meu abdômen, onde eu voltei a respirar normal”.

Depois disso, os dois amigos conseguiram tirar Leandro de dentro da cabine da carregadeira e ele foi salvo. “Eu já não vi mais nada. Quando eu vi eu já estava no hospital. Porque na hora eu não pensava em nada. Eu não lembrava de nada. Eu pensava na minha família. Eu pedi a Deus na hora: ô meu deus! Eu vou morrer aqui? E vi esses anjos da guarda chegando para me tirar de lá”.

Leandro cortou o braço e quebrou uma perna. Ele afirmou que está muito abalado psicologicamente. “Bem para baixo mesmo”. Ele ainda lamentou muito a morte de amigos do trabalho.

“É muito agradecimento a Deus muita alegria. Sensação de muita tristeza por ter perdido amigos e vários companheiros de trabalho e hoje poder estar aqui agradecendo a deus por um milagre”.

Agora, já mais refeito, Leandro só pensa em refazer a vida com a mulher e o filho.

“Nossa! Eu cheguei no hospital, quando eu vi ele lá a minha reação foi só abraçar ele todo sujo, todo machucado. Abraçar, beijar, foi uma sensação muito boa. Vi que ele não estava assim do jeito que ele estava pensando que ele estava, machucado. Mas foi a melhor coisa do mundo”, comemorou a esposa de Leandro, Maria Eliane Alves.

Câmera em guindaste filma chegada da lama a pátio de trem da Vale em Brumadinho
G1 MG

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Câmera em guindaste filma chegada da lama a pátio de trem da Vale em Brumadinho

Câmera em guindaste filma chegada da lama a pátio de trem da Vale em Brumadinho

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