FOTOS IMAGENS-OAS pagou festa de igreja por intermédio de Gim Argello, diz padre


O padre Moacir Anastácio de Carvalho, citado na Operação Lava Jato por ligação com o ex-senador Gim Argello, declarou em uma audiência da Justiça Federal do Paraná que recebeu uma doação da OAS para custear a festa de Pentecostes da Paróquia São Pedro, que fica em Taguatinga, no Distrito Federal. Gim Argello, que frequentou pelo menos oito edições da festa, intermediou o repasse, segundo o religioso.

O padre Moacir de Carvalho disse ainda que a doação foi feita em 2014, mas não citou o valor em depoimento. Contudo, o advogado dele, Wellington Medeiros, declarou ao G1, nesta quarta-feira (10), que o montante da doação foi de R$ 350 mil.

As investigações do Ministério Público Federal (MPF) dizem que há evidências de que o ex-senador Gim Argello pediu R$ 350 mil em propina para a OAS, uma das dezenas de empresas investigadas pela Lava Jato.

O padre depôs como testemunha de defesa no dia 5 de agosto em um processo da 28ª fase da operação, que prendeu o ex-senador Gim Argello.

Doações por intermédio de Agnelo Queiroz (PT)
Moacir de Carvalho disse ainda no depoimento que a igreja também recebeu doações no mesmo ano da Andrade Gutierrez e da Via Engenharia. O intermédio da doação dessas duas empresas, conforme o padre, foi feito através do ex-governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz (PT). O advogado Wellington Medeiros também argumentou que essas outras doações somaram R$ 600 mil.

Os gastos aproximados da festa de Pentecostes, que tem duração de uma semana e consiste em celebração de missas, orações e evangelização, giram em torno de R$ 600 mil, conforme Moacir. “A festa tem um público mais ou menos de um milhão de pessoas por dia”, acrescentou o padre.

Agnelo Queiroz também foi citado na delação premiada de executivos ligados à empreiteira Andrade Gutierrez. Segundo trechos a que o Jornal Nacional teve acesso, a empresa pagou propina em obras de estádios da Copa do Mundo de 2014. Entre elas está o Estádio Nacional Mané Garrincha, em  Brasília – que custou cerca de R$ 2 bilhões.

Receita diz que padre omitiu bens
A Receita Federal afirmou em um relatório que o padre Moacir Anastácio de Carvalho tem patrimônio superior a R$ 3 milhões e omitiu do fisco veículos e uma fazenda.

“Em 2013 e 2015 o contribuinte teve indício de variação patrimonial à descoberto. Nestes anos o aumento de seu patrimônio foi em valor maior do que os rendimentos declarados ao fisco”, diz trecho do documento.

Conforme a Receita Federal, em 2013, o patrimônio do padre era de R$ 3,216 milhões. Em 2014, o valor caiu R$ 2,449 milhões. No ano seguinte, R$ 3,339 milhões. A variação de 2014 para 2015 foi superior a R$ 889 mil.

O documento foi elaborado a partir de um pedido do Ministério Público Federal (MPF). Gim Argello foi preso na 28ª fase da Lava Jatosuspeito de cobrar propina para evitar convocação de empreiteiros em comissões parlamentares de inquérito (CPIs) sobre a Petrobras entre 2014 e 2015.

Segundo a força-tarefa, há evidências de que o ex-senador pediu R$ 5 milhões em propina para a empreiteira UTC Engenharia e R$ 350 mil para a OAS – ambas investigadas na Lava Jato.

Em meio aos mandados de busca a apreensão, a Polícia Federal coletou um recibo do depósito de R$ 350 mil da construtora OAS para a paróquia.

Os bens
O auditor fiscal responsável pelo relatório cita que o padre Moacir Anastácio de Carvalho tem dois veículos – uma  moto Honda CG (2001) e uma Hilux (2010).

Segundo o relatório, o padre declara como ocupação principal “sacerdote ou membro de ordens ou seitas religiosas” e que ele tem declarações retidas em malha fiscal relativas nos últimos dois anos por “omissão rendimento PJ titular”.

“Com relação à movimentação financeira cabe comentar que em vários meses a mesma apresentou valores destoantes. Além disso, chamou a atenção os créditos bancários serem o dobro dos valores informados aos fiscos nos anos de 2014 e 2015”, diz outro trecho do relatório.

O que dizem as defesas
O advogado do padre, Wellington Medeiros, afirmou que o pároco e o ex-senador têm uma relação de sacerdócio. “O Gim é há mais de dez anos frequentador da igreja. É uma pessoa que já ajudou a igreja antes de ser senador, frequentava a igreja, frequentava a festa de pentecoste. Então, a relação que ele tem com o padre é uma relação de sacerdócio. Nunca ele pediu ao padre qualquer coisa que denegrisse a imagem dele”, disse o advogado.

A defesa de Gim Argello, representada pelo advogado Marcelo Luiz Ávila de Bessa, disse que não vai se manifestar porque “o assunto é antigo e que já está na denúncia”.

O G1 tentou contato com a defesa de Agnello Queiroz, mas até a última atualização dessa reportagem, ninguém tinha atendido as ligações.

O advogado Edward de Carvalho, que defende a OAS, disse que não vai se manifestar sobre o assunto.

Em nota, a Via Engenharia informou que a doação à igreja foi devidamente registrada e contabilizada pela empresa de acordo com a legislação fiscal e societária vigente. Confira a nota completa:

“A Via Engenharia informa que efetivou a doação no valor de R$ 300 mil em 2014 para o evento Pentecostes. A doação, não dedutível para fins de tributação, foi realizada por meio de transferência bancária à conta em nome da Paróquia São Pedro, devidamente registrada e contabilizada pela empresa de acordo com a legislação fiscal e societária vigente. Com 36 anos de história, a Via Engenharia construiu uma sólida relação com a sociedade local pelas diversas obras realizadas por todo o Distrito Federal e participa anualmente de projetos com fins sociais”.

A Andrade Gutierrez disse que mantém o compromisso de colaborar com a Justiça e que, além disto, tem feito propostas concretas para dar mais transparência e eficiência nas relações entre setores público e privado.

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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