FOTOS IMAGENS-Musical sobre Chico Buarque em BH é cancelado após ator protestar contra Dilma e Lula


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RIO – A sessão do espetáculo “Todos os musicais de Chico Buarque em 90 minutos” na noite de sábado, em Belo Horizonte, terminou em confusão. O público que lotava o teatro Sesc Palladium, no centro da capital mineira, não gostou de um improviso feito pelo ator e diretor Cláudio Botelho (que divide a direção com Charles Möeller) em cena, e o espetáculo foi interrompido e cancelado.

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De acordo com a reportagem do jornal “Estado de Minas”, aproximadamente na metade do espetáculo, o personagem de Botelho diz “era a noite do último capítulo da novela das oito”, como parte do roteiro. Ele teria acrescentado, como um “caco”: “Era também a noite em que um ex-presidente ladrão foi preso”. Botelho teria citado ainda “uma presidente ladra”.

Parte do público reagiu com vaias e gritos de “não vai ter golpe!” e “Viva, Chico!”. Chico Buarque, inspirador do musical, como se sabe, é apoiador do governo do PT. Botelho, nascido em Minas Gerais, então teria respondido: “Ah, não vai ter golpe, então vamos continuar o espetáculo e depois vamos ver se vai ou não ter golpe”.

Em entrevista ao GLOBO no início da tarde deste domingo, Botelho disse ter feito a “brincadeira” em outra cidades, e que foi a primeira vez que enfrentou uma reação deste tipo. O ator e diretor disse estar muito abatido com o ocorrido, e que se sentiu censurado (leia a íntegra). Por meio de sua assessoria, Chico Buarque se manifestou dizendo que não vai mais autorizar o uso de suas canções no espetáculo.
Ainda de acordo com o jornal “Estado de Minas”, a polícia foi chamada pela produção do espetáculo, sob a justificativa de que o protagonista se sentia “coagido em seu camarim” e temia ser “agredido fisicamente” caso tentasse deixar o local. Foram deslocadas três viaturas para a porta do teatro, por volta das 22h30m.

Parte do público tentou pedir reembolso do valor pago nos ingressos, que custavam entre R$ 25 e R$ 100. A direção do teatro confirmou que o valor será restituído a todos que compareceram ao espetáculo. Havia uma nova sessão prevista para o Sesc Palladium neste domingo, mas ela também foi cancelada.

Pelo Facebook, a direção do Sesc Palladium se manifestou sobre o ocorrido:

“Esclarecemos que o Sesc em Minas, a Pólobh e demais instituições envolvidas são apartidárias. Compreendendo o momento pelo qual o país passa atualmente e primando pela segurança de todos, a sessão prevista para este domingo (20/03) está cancelada. Os valores pagos pelos ingressos serão integralmente devolvidos”.

DISCUSSÃO NOS BASTIDORES

Em áudio vazado do ator, numa acalorada discussão com a atriz Soraya Ravenle nos bastidores, é possível ouvir Botelho dizer: “O artista no palco é um rei! Não pode ser peitado. Não pode ser interrompido por um nêgo, por um filho da puta!”. Ainda no áudio, o ator compara o episódio da noite deste sábado com a Ditadura Militar. “Em 68, os militares pararam ‘Roda viva’. Hoje, os petistas pararam ‘Roda viva’!”.

Por sua fala gravada nos bastidores, Botelho está sendo acusado de racismo nas redes sociais, pois teria dito “um negro”, em vez de nêgo. Ele se defendeu:

— É muito vil você gravar uma pessoa na intimidade dela. Eu estava no meu camarim depois de uma situação de estresse absoluto, discutindo com a Soraya, que é minha irmã. A gente briga e se beija dois minutos depois. Usei a expressão “nêgo”, e não “negro”, como se diz no Rio, no sentido de “pessoa”. Tirar isso do contexto e falar que é racismo é absurdo. Eu fiz o musical do Milton Nascimento, fiz a “Ópera do Malandro”.

MAIS DE 50 CANÇÕES DE CHICO

O musical apresenta mais de 50 canções de Chico Buarque. Após assinarem versões para clássicos como “Suburbano coração” (2002) e a própria “Ópera do malandro” (2003), Möeller e Botelho criaram a trama sobre uma trupe mambembe que circula pelo país e se vale das canções do compositor para narrar histórias de relacionamentos afetivos e artísticos entre seus integrantes. Um deles, por exemplo, é o diretor da companhia, vivido por Botelho.

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O elenco conta ainda com Soraya Ravenle, Malu Rodrigues, Davi Guilhermme, Estrela Blanco, Felipe Tavolaro, Lilian Valeska, Renata Celidonio.

SOBRE CLAUDIO BOTELHO

É impossível contar a história dos musicais no Brasil sem ter no elenco principal o duo de realizadores Charles Möeller e Claudio Botelho, responsável pelas versões nacionais de grandes sucessos da Broadway e por criações originais. A dupla conseguiu se transformar numa grife: quem vai a um de seus espetáculos já espera um alto grau de sofisticação. A primeira produção em que os dois trabalharam foi “Hello, Gershwin”, há 25 anos, com direção de Marco Nanini.

O duo Möeller & Botelho tomaria forma alguns anos depois, em “As malvadas”, com o primeiro cuidando de texto e direção, e o segundo, da direção musical. Desde então fizeram 37 musicais e colecionaram prêmios e sucessos de público, como “7 — O musical”, “Avenida Q”, “A noviça rebelde”, “Todas as canções de Chico Buarque em 90 minutos” e “Beatles num céu de diamantes”. Em 2015, chegaram a ter quatro espetáculos em cartaz simultaneamente.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/teatro/musical-sobre-chico-buarque-em-bh-cancelado-apos-ator-protestar-contra-dilma-lula-1-18920722#ixzz43X2CZxUm
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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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