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‘Esfaqueou para me matar’, diz empresário ferido após marcar encontro pelo Tinder

O GLOBO

O empresário Roberto Del Cima, de 69 anos, esfaqueado em casa, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, após marcar um encontro pelo Tinder, afirmou ter sido enganado e contrariou a versão apresentada por Sergiara de Oliveira Ribeiro, de 24 anos, acusada do crime. De acordo com Del Cima, a jovem contou que era natural de Minas Gerais e que tinha um pai abusivo. Ela disse que veio ao Rio de Janeiro para convencer a mãe a sair de casa, após ser vítima de violência doméstica repetidas vezes. Sergiara e o comparsa, Victor Hugo Dias, de 26 anos, foram presos dois dias após o crime em Juiz de Fora, em Minas Gerais.

O empresário contou ainda que Sergiara disse que o pai era um advogado criminalista famoso e que insistiu para marcar um encontro na casa dele para evitar ser vista por conhecidos e, supostamente, agredida pelo pai. Ela ainda disse ao empresário que, para sair de casa, falou à família que estava indo para a casa de uma amiga no mesmo condomínio, também na Barra, e que, por isso, não pegou documentos. Del Cima afirmou que chegou a desconfiar da jovem, mas acabou convencido pela atuação. Ele lamentou ter se deixado levar pela história contada por Sergiara.

— Ela é uma artista. Ela tem o sotaque, disse que era sofrida. Eu entrei com o carro dela no meu condomínio, usando minha digital. Eu entrei na garagem dirigindo o carro dela. Ela disse que estava sem documentos porque, se pegasse a carteira de motorista, o pai ia desconfiar que ia para outro lugar. Depois de saber de tudo, as pessoas devem pensar que eu sou idiota. Não sou não. Cada pessoa tem cinco minutos de idiotice por dia e ela me pegou nesses cinco minutos — disse.

EMPRESÁRIO DESCONFIOU DE ‘BOA NOITE, CINDERELA’

Roberto Del Cima foi esfaqueado ao menos oito vezes em diversas partes do corpo por Sergiara e Victor, que chegou à residência dentro do porta-malas do carro da jovem. Del Cima contou que, ao descobrir que ela estava sem documentos, desconfiou das intenções da mulher. Ele chegou a revistar o veículo em que ela estava, mas não abriu o porta-malas.

— Ela estava sem nenhum documento. Isso foi me deixando desconfiado. Fui ao encontro dela na entrada do condomínio. Eu não sabia que ela estava de peruca, para mim era um aplique. Estava com um vestido estranho, preto e comprido. Brinquei que estava parecendo a Mortícia (personagem da ‘Família Adams’). Ela disse que era para o pai não desconfiar. Respondi ainda: “sem identidade…isso está me parecendo ‘boa noite, cinderela’”. Eu ainda dei uma pesquisada no carro, mas não abri a mala. Foi minha grande idiotice — disse.

Naquela noite, a empregada de Del Cima, Iara Domingues, de 37 anos, dormiu na residência por causa de um intenso tiroteio próximo a região onde mora. O empresário contou que Sergiara chegou a conversar com Iara sobre gastronomia pouco antes de a funcionária ir dormir. Ainda de acordo com Del Cima, aquele era o primeiro encontro com Sergiara — que se identificou como Vivian.

— Ela falou com a minha empregada, falou de comida, deu dois beijinhos. Depois que a Iara foi dormir, ela perguntou se eu ia beber alguma coisa e eu disse que não. Ela me pediu por vodca e misturou com energético. Quando eu fui pegar a bebida, ela brincou comigo: “Não sai de perto de mim não! Você vai achar que é ‘boa noite, cinderela’!”. Aos poucos a minha desconfiança foi indo embora com as atitudes dela e eu relaxei — contou o empresário, que chegou a avisar sobre a vista a um amigo, que ligou para saber se estava tudo bem.

Em depoimento na delegacia após a prisão, Sergiara contou que colocou tranquilizante na bebida de Roberto para que a vítima sentisse sono e a relação entre eles não durasse muito, já que, segundo a suspeita, ela já tinha feito outros “programas” naquele mesmo dia. A jovem disse ainda que teria tido uma luta corporal com Del Cima porque ele a obrigou a ter relações sexuais sem preservativo. O empresário, porém, negou que tenha negociado valores para o encontro com a jovem e a versão apresentada por ela na delegacia.

— Não tem nada na conversa dela me pedindo dinheiro ou falando que era garota de programa. Também não teve briga nenhuma. Tanto que usamos a ‘camisinha’. Eu estava dormindo e acordei sentindo batidas nas costas. Sabe filme de terror? Você acorda com a pessoa te esfaqueando diversas vezes. Esfaqueou para me matar, sem mais nem menos. Achei que ela estava tendo um surto psicótico e estava vendo outra pessoa — contou.

‘SÓ SAÍRAM DA MINHA CASA PORQUE ACHARAM QUE ESTAVA MORTO’, DIZ DEL CIMA

O empresário ainda chegou a colocar a mulher no banheiro, enquanto gritava por socorro. Victor Hugo Dias, que estava no porta-malas do veículo, ouviu os gritos e subiu para ajudar a jovem. De acordo com a Polícia Civil, a dupla contou na delegacia que ele fazia o papel de segurança da mulher durante programas. Victor chegou a esfaquear o empresário algumas vezes e desferiu socos contra ele, que perdeu a consciência. Ao ver o homem subindo para ajudar Sergiara, a empregada fugiu pelo telhado da residência em busca de ajuda. A dupla fugiu da casa levando um relógio Tissot e o celular da vítima.

Os bens de Del Cima foram encontrados pela polícia com os acusados em um hotel, no momento da prisão. O empresário, que teve alta há poucos dias, se recupera em casa.

— Eu acho que eles só saíram da minha casa porque acharam que eu estava morto. Estou ainda um pouco fraco pela perda de sangue, mas estou me recuperando. Já usei bastante o aplicativo de relacionamento, conheci muita gente interessante. Mas, por enquanto, não vou usar. Acho que essas plataformas poderiam ter o CPF dos usuários, por medida de segurança, mesmo que isso não fosse exposto para os demais. Acho também que não podemos marcar encontro à noite, tentar sempre que seja à tarde. E, claro, nunca marcar para dormir com a pessoa sem conhecê-la bem. Pode acontecer qualquer tipo de maldade — finalizou.

A prisão de Victor Hugo e Sergiara foi convertida em preventiva. Eles vão responder por latrocínio tentado. Segundo a Polícia Civil, a dupla não tinha passagens anteriores. A pena máxima é de 30 anos de reclusã

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