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Corpos de jovens mortos em chacina serão sepultados neste sábado

 

Corpos de jovens mortos em chacina serão sepultados neste sábado

Parentes de quatro vítimas farão cerimônia coletiva no cemitério Vila Alpina.
GCM de Santo André confessou ter participado do crime usando rede social.

Glauco AraújoDo G1 São Paulo

Os corpos de quatros jovens mortos em uma chacina ocorrida na Grande São Paulo, em 21 de outubro, serão sepultados em uma cerimônia coletiva na tarde deste sábado (12), no Cemitério da Vila Alpina, na Zona Leste de São Paulo. Não há confirmação de que a família de Jones Ferreira Januário, 30 anos, participará do velório e do enterro coletivo.

Jonathan Moreira Ferreira, de 18 anos; César Augusto Gomes Silva, de 19; Caique Henrique Machado Silva, 18; Robson Fernando Donato de Paula, 16, que é cadeirante, e Januário desapareceram quando se dirigiam a uma festa em Ribeirão Pires, no ABC Paulista. Os corpos deles foram encontrados em 6 de novembro, encontrados numa área rural em Mogi das Cruzes, interior paulista.

Investigação
Mais dois guardas civis de Santo André, no ABC, são investigados por suspeita de participação no desaparecimento e na chacina de cinco rapazes na Grande São Paulo. Um terceiro guarda civil já estava preso suspeito de criar perfis falsos de mulheres no Facebook para atrair as vítimas a uma emboscada na Grande São Paulo. O motivo do crime seria vingar a morte de um agente de segurança em setembro.

Esses dois guardas devem ser apresentados nesta sexta-feira (11) pela Guarda Civil Municipal de Santo André ao Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), onde prestarão depoimentos. Os nomes deles não foram divulgados. Segundo a  investigação eles teriam executado os jovens – quatro deles a tiros e um a facadas. A informação é do SPTV.

“Ainda é cedo para que a gente afirme que está totalmente desvendado o crime, mas outras pessoas já estão prestando depoimento visando a apuração de participação nesses múltiplos homicídios”, disse nesta manhã o secretário da Segurança Pública (SSP) do estado de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, em entrevista coletiva sobre o caso.

Confissão
Um terceiro guarda – Rodrigo Gonçalves Oliveira – foi detido na quinta-feira (10). Segundo a investigação, ele confessou ter usado uma rede social para fazer os cinco rapazes saírem da Zona Leste no dia 21 de outubro em direção a uma falsa festa em Ribeirão Pires. Oliveira falou ter apagado a conta da página na web e queimado o computador. O guarda negou, no entanto, ter matado os rapazes. Também falou que não foi ao local da emboscada onde estavam os outros dois agentes.

De acordo com a investigação, o grupo saiu de carro da Zona Leste da capital em direção a uma suposta festa em Ribeirão Pires para encontrar as garotas que conheceram na rede social. O veículo foi localizado abandonado no dia 23 de outubro.

Robson foi morto a facadas – a cabeça dele teria sido cortada. Os outros quatro rapazes foram assassinados por disparos de armas calibres 38 e 12 – munições usadas por guardas civis.

Jonathan, Caíque, Jones, César, Robson e carro abandonado em São Paulo (Foto: Reprodução/Polícia Civil)Jonathan, Caíque, Jones, César, Robson e carro abandonado em São Paulo (Foto: Reprodução/Polícia Civil)

Vingança
De acordo com o DHPP, a chacina dos cinco rapazes ocorreu para vingar a morte do guarda civil Rodrigo Lopes Sabino, de 30 anos. Ele foi assassinado a tiros em Santo André no dia 24 de setembro. Seu carro acabou levado e queimado em seguida perto da região onde as vítimas moravam em São Paulo.

O caso de Rodrigo foi tratado inicialmente como latrocínio (roubo seguido de morte). Dois criminosos teriam participado do crime e fugido.

Dois dos cinco rapazes desaparecidos estavam sendo investigados pela Polícia Civil por suspeita de envolvimento na morte de Rodrigo: Cesar e Caíque. Apesar disso, o guarda que foi preso e mais outros dois agentes de Santo André decidiram fazer uma investigação paralela e ilegal por conta própria.

O guarda preso era amigo de Rodrigo e instrutor de tiros na Guarda Civil Municipal de Santo André. A Justiça em Mogi das Cruzes decretou a prisão temporária do guarda por 30 dias. Não há confirmação se ele constituiu advogado para defendê-lo.

Ouvidor Julio César Neves e parentes dos jovens desaparecidos na Zona Leste de São Paulo chegam ao IML (Foto: Tatiana Santiago/G1)Parentes dos jovens desaparecidos na Zona Leste de São Paulo chegam ao IML (Foto: Tatiana Santiago/G1)

GCM Santo André
Procurada pelo G1 para comentar o assunto, a Guarda Civil Municipal de Santo André informou que acompanha o caso.

Veja abaixo a íntegra da nota:

“O Departamento da Guarda Civil Municipal de Santo André informa que está acompanhando o caso, bem como acionou a Corregedoria Geral da corporação para apuração e apoio ao DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).

Todos os pedidos inerentes à investigação estão sendo atendidos e os esclarecimentos dos fatos estão a cargo do DHPP, portanto, a corporação manterá os critérios éticos e sigilosos a fim de não atrapalhar o andamento dos trabalhos.

A GCM andreense, instituição com 31 anos de serviços prestados à população, continua diuturnamente trabalhando e se esforçando pela qualidade de vida daqueles que nesta cidade vivem, trabalham ou transitam. Enfatizamos que a corporação da Guarda Civil Municipal repudia qualquer tipo de atitude que atente contra a liberdade, integridade e a vida.”

PMs
Além de guardas civis, a investigação apura a suspeita de que policiais militares também poderiam estar envolvidos na chacina dos cinco jovens. Isso porque cartuchos de calibre .40 – munição adotada por PMs – também foram encontrados perto do local onde os cinco corpos estavam em Mogi das Cruzes.

A Corregedoria da PM apura o caso. O Tribunal de Justiça Militar chegou a decretar segredo na apuração.

Além disso,uma mensagem enviada por Jonathan para uma amiga às 23h do dia 21 de outubro dizia que estava passando por uma blitz policial. Ele relatou num áudio ter sofrido “enquadro” e “esculacho”. O G1 teve acesso à gravação (ouça abaixo).

Outro indicativo é o fato de os corpos terem sido localizados a 3 km de distância de um sítio usado por PMs, onde também foram encontrados e apreendidas munições.

O secretário ressaltou, no entanto, que sempre disse que era prematuro falar em envolvimento da PM no caso. Agora a investigação aponta que ele “estava certo”. “Indicação inicial apontava para um outro lado e hoje estamos asssistindo uma outra realidade”, falou Mágino.

Familiares dos mortos que relataram ter sido ameçados por PMs podem ser incluídos no programa de proteção à testemunha, segundo o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe).

Os parentes devem se reunir na tarde desta sexta-feira com peritos do IML para tratar da liberação dos corpos e saber como eles foram executados. As vítimas devem ser enterradas numa cerimônia conjunta neste final de semana. A data e local ainda não foram definidos.

 

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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