FOTOS IMAGENS-Análise da boca, distância entre olhos, tamanho do nariz: como funciona tecnologia que flagrou foragido curtindo carnaval na BA



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Câmeras de reconhecimento facial ajudam a polícia a encontrar criminosos

Câmeras de reconhecimento facial ajudam a polícia a encontrar criminosos

Uma tecnologia capaz de identificar uma pessoa no meio de uma multidão e, a partir de um banco de dados, acessar toda ficha civil e criminal dela em poucos segundos. Esse é o objetivo das câmeras de reconhecimento facial com tecnologia chinesa que foram instaladas no carnaval 2019 de Salvador — e que também já operam em locais de grande movimentação da cidade — que ajudaram a prender um homem que era procurado por suspeita de homicídio.

Foi a primeira prisão realizada com a ajuda do equipamento, na Bahia, que está em operação há três meses. As câmeras, que também identificam placas de veículos, já tinham sido instaladas no aeroporto, rodoviária e em estações do metrô de Salvador antes de serem utilizadas nos circuitos do carnaval. O equipamento foi comprado de uma empresa chinesa por cerca de R$ 18 milhões.

O sistema funciona assim: o computador analisa todas as características do rosto de uma determinada pessoa identificada pela câmera, como a distância entre os olhos, o tamanho do nariz, a boca e a linha da mandíbula. Todas essas informações viram um algoritmo, um número, e isso se torna a identidade biométrica da pessoa.

Computador analisa todas as características do rosto de uma determinada pessoa identificada pela câmera, como a distância entre os olhos, o tamanho do nariz, a boca e a linha da mandíbula — Foto: Reprodução/TV GloboComputador analisa todas as características do rosto de uma determinada pessoa identificada pela câmera, como a distância entre os olhos, o tamanho do nariz, a boca e a linha da mandíbula — Foto: Reprodução/TV Globo

Computador analisa todas as características do rosto de uma determinada pessoa identificada pela câmera, como a distância entre os olhos, o tamanho do nariz, a boca e a linha da mandíbula — Foto: Reprodução/TV Globo

As leituras são enviadas para um centro de monitoramento e os dados, então, são cruzados com os de criminosos procurados pela polícia. O banco de dados, conforme a polícia, também é alimentado por fotos postadas por suspeitos procurados em redes sociais.

“Nós temos um banco de dados de aproximadamente 60 mil fotos, onde inserimos pessoas com mandados de prisão. O que é bastante interessante para a área policial é a obtenção de inteligência através das imagens para uma intervenção futura”, afirma o secretário se Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa.

Em todo país, existem mais de 304 mil criminosos que estão sendo procurados pela Justiça — outros 19,2 mil já havia sido presos, fugiram e a polícia tenta recapturar, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ao todo, portanto, são mais de 320 mil rostos circulando de forma indevida pelas ruas.

Câmera identificou repórter mesmo com óculos e peruca — Foto: Reprodução/TV GloboCâmera identificou repórter mesmo com óculos e peruca — Foto: Reprodução/TV Globo

Câmera identificou repórter mesmo com óculos e peruca — Foto: Reprodução/TV Globo

Mas e se a pessoa estiver disfarçada, engana o equipamento? O repórter Murilo Salviano, do Fantástico, fez alguns testes após ter as informações pessoas e fotos cadastradas no banco de dados. No primeiro teste, colocou um óculos escuro e foi até o aeroporto de Salvador. Mesmo cobrindo os olhos, essenciais para a leitura do sistema, as câmeras o identificaram.

No segundo teste, além dos óculos, ele colocou uma peruca, mas não adiantou e ele foi identificado numa estação de metro da cidade.

No terceiro teste, o repórter mudou alguns traços do rosto, com a ajuda de um maquiador, colocou óculos escuros e ainda uma peruca e um boné. Novamente, não teve jeito: ele foi identificado na rodoviária de Salvador.

Nesse último teste, no entanto, a máquina também apontou rostos de outras pessoas parecidas. “Tivemos alguns casos de faces que foram pegas pelo sistema e deu como se tivesse a confirmação e, na verdade, não se confirmou. Mas está dentro do limite de aceitável de erro do sistema”, disse o secretário Maurício Barbosa.

Suspeito foi flagrado por câmera instalada em portal de segurança do carnaval de Salvador — Foto: Divulgação/SSP-BASuspeito foi flagrado por câmera instalada em portal de segurança do carnaval de Salvador — Foto: Divulgação/SSP-BA

Suspeito foi flagrado por câmera instalada em portal de segurança do carnaval de Salvador — Foto: Divulgação/SSP-BA

No Rio de Janeiro, 34 câmeras desse tipo estão instaladas em Copacabana. O sistema começou a funcionar há dez dias e, na primeira fase de testes, que termina nesta segunda, seis pessoas já foram detidas.

“Temos certeza, temos convicção de que esse projeto, aplicado em larga escala, será uma grande ferramenta para a redução da criminalidade”, afirma o coordenador de comunicação da PM-RJ, coronel Mauro Fliess.

O mesmo sistema está sendo implantado em Campinas, interior de São Paulo. A expectativa é que ele funcione integrado a um aplicativo de celular para dar agilidade às prisões.

“Esses aplicativos vão possibilitar que toque um alarme na central de monitoramento na hora que a pessoa procurada for reconhecida, ou também que toque um alarme de um guarda municipal ou de um policial qualquer que esteja próximo daquele local onde a câmera está reconhecendo a pessoa”, destaca o diretor da central Integrada de Monitoramento de Campinas, Willian Barbanera.

Enquanto a tecnologia desembarca aos poucos no Brasil, na China ela já está em todo canto. O país tem 200 milhões de câmeras com reconhecimento facial pelas ruas, aeroportos e estações de trem.

Em 2018, a polícia chinesa identificou um homem foragido durante um show com 60 mil pessoas. O sistema reconheceu a imagem dele em menos de 0,001 segundo.

Em Salvador, câmeras foram instaladas em locais de grande movimentação — Foto: Reprodução/TV GloboEm Salvador, câmeras foram instaladas em locais de grande movimentação — Foto: Reprodução/TV Globo

Em Salvador, câmeras foram instaladas em locais de grande movimentação — Foto: Reprodução/TV Globo

O que dizem especialistas

Especialistas alertam que a tecnologia não deve ser usada sozinha. A potência da máquina ainda não alcança uma capacidade extremamente humana: a de interpretação.

“Essa tecnologia de reconhecimento facial, pelo menos hoje, não é pra ser usada sozinha. A máquina processa volume de informação bem mais rápido, mas nós temos experiência, temos a visão de mundo, analisamos isso de várias perspectivas”, destaca o professor de Engenharia Elétrica e de Computação da Unicamp, José Mario de Martino.

“A importância do policial com toda a sua experiência, com toda a sua capacidade intelectual e bom senso, é fundamental para o emprego desse sistema’, afirma o coordenador de comunicação da PM-RJ, coronel Mauro Fliess.

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