A PALAVRA DO DIA-Salmo 31: Nas Tuas Mãos, Entrego o Meu Espírito


Quando Davi enviou o Salmo 31 para o mestre de canto, ele não anotou o contexto histórico do hino. O conteúdo, que fala de perseguição, conspiração e de rejeição por seus vizinhos e conhecidos, ajusta-se bem ao conflito do rebelde Absalão com seu pai, o rei Davi. Como outros Salmos escritos em circunstâncias de angústia e perseguição, esse demonstra a fé de Davi em Deus, o único capaz de oferecer refúgio e proteção. Não deve nos surpreender que as palavras desse Salmo estavam no coração do próprio Jesus nos seus últimos minutos na cruz.

Davi abre o hino com suas declarações de confiança em Deus e um apelo por ajuda urgente (versos 1 a 4). O salmista confia no Senhor como sua rocha e fortaleza, mas não deixa de fazer suas súplicas nos momentos de angústia. Apesar de expor seus medos e preocupações, Davi consegue manter o foco no caráter divino. Ele deseja que Deus distinga entre os perversos perseguidores e o servo fiel, mas entende que a resposta favorável depende do caráter de Deus, e não do mérito humano: “Porque tu és a minha rocha e a minha fortaleza; por causa do teu nome, tu me conduzirás e me guiarás” (verso 3). É o nome de Deus, sua natureza santa e misericordiosa, que livra o servo do sofrimento.

As palavras que Davi usou para expressar sua confiança na salvação estavam no coração de Jesus durante seu tempo na cruz. “Nas tuas mãos, entrego o meu espírito” (verso 5) são as palavras que Lucas registrou como a última oração de Jesus (Lucas 23:46). Estêvão, o primeiro de muitos cristãos mártires, empregou praticamente as mesmas palavras quando foi apedrejado em Jerusalém (Atos 7:59). Nem a morte pode separar o servo fiel do amor de Deus (Romanos 8:37-39).

Essa confiança no Senhor fica em contraste total com a idolatria. Quem confia no verdadeiro Deus não encontrará nenhum conforto nos ídolos (versos 6 a 8). Cristãos precisam dessa convicção para resistir às sedutoras mensagens pregadas no mundo ecumênico. Enquanto alguns alegam ser cristãos budistas ou cristãos pagãos, a mensagem da Bíblia é uma de separação de todas as formas de idolatria.

Quando Davi olhou para sua própria situação, porém, ele se desanimou: “Compadece-te de mim, SENHOR, porque me sinto atribulado; de tristeza os meus olhos se consomem, e a minha alma e o meu corpo. Gasta-se a minha vida na tristeza, e os meus anos, em gemidos; debilita-se a minha força, por causa da minha iniquidade, e os meus ossos se consomem” (versos 9 e 10). Aqui percebemos uma diferença fundamental entre Davi e seu descendente Jesus. Cristo sofreu na cruz por causa das nossas transgressões, mas Davi reconheceu que ele mesmo foi culpado de pecado diante do Senhor. Nós estamos do lado de Davi, culpados. Quando vêm a tristeza e o desânimo, devemos lutar para restaurar ou reforçar a nossa comunhão com Deus.

Davi não encontrou forças na sua própria alma, e muito menos nas pessoas ao seu redor. Elas rejeitaram, fugiram e conspiraram contra Davi (versos 11 a 13). A linguagem desses versos nos lembra das realidades do conflito de Davi e Absalão (2 Samuel 15-17) e prefigura o sofrimento de Jesus, rejeitado pelas pessoas que ele tanto desejava ajudar.

Onde Davi encontraria ajuda? “Quanto a mim, confio em ti, SENHOR. Eu disse: tu és o meu Deus. Nas tuas mãos, estão os meus dias” (versos 14 e 15). A confiança da proteção divina se baseava na misericórdia do Senhor para com os fiéis e na justiça dele em destruir as obras dos adversários ímpios (versos 16 a 20).

Davi chegou a reconhecer sua própria falta de fé e se arrependeu dessa falha. Quando caiu na cilada da autopiedade, ele deixou de ver as obras de Deus e achou que o Senhor havia se esquecido dele. Mas Davi percebeu que estava errado nisso: “Eu disse na minha pressa: estou excluído da tua presença. Não obstante, ouviste a minha súplice voz, quando clamei por teu socorro” (verso 22). Quando achamos que Deus não se preocupa, a falha é nossa, pois Deus sempre é fiel. “Amai o SENHOR, vós todos os seus santos. O SENHOR preserva os fiéis, mas retribui com largueza ao soberbo. Sede fortes, e revigore-se o vosso coração, vós todos que esperais no SENHOR” (verso 24).

– por Dennis Allan

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