A PALAVRA DO DIA-ÊXODO 20.1-20: A CONSTITUIÇÃO DE DEUS


ÊXODO 20.1-20: A CONSTITUIÇÃO DE DEUS

A CONSTITUIÇÃO DE DEUS

Êxodo 19,20.1-20

Pregado na Igreja Batista Itacuruçá, em 7.1.2001 (noite)

1. INTRODUÇÃO
Os Dez Mandamentos têm sido envelhecidos pelo desinteresse e pelo descaso, como se fossem amendoim mofado.
Deste processo têm participado até pessoas bem intencionadas, que proclamam que as duas tábuas de pedra foram substituídas pelas duas tábuas de madeira levantadas no Calvário, como se a graça abolisse a Lei.
Os Dez Mandamentos são preceitos antigos, antigos mas escritos pelo dedo de Deus, lembrança que os que negam a atualidade dos Dez Mandamentos não podem contestar: tudo o que é produzido na indústria de Deus não tem prazo de validade.

2. DOS FATOS
Os fatos relacionados à outorga do Dez Mandamentos estão registrados em Êxodo 19.20-25 e 20.1-21 e Deuteronômio 5.
Nenhum diretor de cinema conseguiu reproduzir esta cena fantástica, inclusive porque os detalhes apresentados na narrativa bíblica não são muitos. Pelo que lemos, ficamos sabendo que os Dez Mandamentos são apresentados como parte de uma série de teofanias, isto é, de quadros em que Deus se apresenta ao povo de Israel, diretamente ou por intermédio de Moisés.
Das narrativas bíblicas, podemos recompor a história da outorga dos Dez Mandamentos.

1. Durante 60 dias, Deus conduziu o povo, do Egito ao deserto, sob a liderança de Moisés. Deus ia à frente, guardando certa distância dos peregrinos, aproximando-se aos poucos. Os milagres de provisão de água e alimento fazem parte desta estratégia de Deus de se dar a conhecer. Ele queria mais, para que o Seu povo entendesse o que estava acontecendo.
Depois, então, de 60 dias o povo tinha chegado à península do Sinai, onde há vários montes, entre os quais Horebe, cuja localização não se conhece com precisão. Moisés conhecia bem aquela área, pois ali tivera seu primeiro encontro com o Senhor (Êxodo 3). O líder fez o povo acampar na campina em frente ao monte Horebe.
Moisés subiu o morro e Deus lhe apareceu, no Seu modo peculiar, falando como se fala a um amigo num bate-papo, mas sem ser visto. Nesta conversa, Deus propôs uma aliança, que exigia fidelidade e que faria do povo aquilo que prometera a Abraão.
Para a assinatura deste pacto, do qual os Dez Mandamentos são a lei áurea, Deus deu as devidas instruções. Antes, ao longo de três dias, o povo devia se preparar adequadamente, evitando voluntariamente os prazeres do sexo e lavando cuidadosamente as suas empoeiradas roupas de nômades. As áreas foram demarcadas, indicando as posições que o povo deveria ocupar na solenidade.
A cerimônia começou efetivamente quando uma nuvem cobriu o monte, seguida de trovões, relâmpagos e som como de buzina. Embaixo, o povo estremeceu e se aproximou da montanha. Já a esta altura, Horebe parecia um vulcão. Enquanto o povo tremia, Moisés subia para mais alto no monte. O povo foi subindo atrás do seu líder, esquecido dos limites que lhe foram impostos. Então, Moisés voltou, advertiu o povo, que ficou dentro dos marcos fixados e pediu que Moisés mesmo ouvisse o que Deus tinha para falar, com medo de ser consumido pela glória do Senhor.
O líder retornou ao ponto de encontro: Moisés numa rocha e Deus numa nuvem escura. Lá embaixo, o povo ouvia que Deus falava com seu servo, mas não podia escutar o conteúdo com nitidez, dados os fenômenos naturais que testemunharam o encontro.
O próprio Moisés sintetizou a entrega dos Dez Mandamentos do seguinte modo: Essas palavras falou o Senhor a toda a (…) assembléia no monte, do meio do fogo, da nuvem e da escuridão, com grande voz; e nada acrescentou. E escreveu-as em duas tábuas de pedra, que ele me deu. (Deuteronômio 5.22)
O povo ficou embaixo, num misto de contemplação das ações tremendas de Deus e de ação em sua vida normal (Êxodo 24.12-18). Depois de sete dias no alto do monte, Moisés recebeu as tábuas da lei, esculpidas com os Dez Mandamentos pelo dedo de Deus (Êxodo 31.18) na frente e no verso das lascas de pedra. Ao todo, no entanto, como ele mesmo narra, Moisés ficou 40 dias no monte sozinho.

2. Estas duas tábuas foram quebradas por Moisés antes mesmo de serem vistas pelo povo, que, cansado de esperar que Deus lhe aparecesse diretamente (e não apenas ao seu líder), fizera um bezerro de ouro a quem prestava adoração no acampamento, ao pé do monte onde Deus e Moisés conversavam.
Ao ver aquela abominação, Moisés achou sua gente indigna de receber aquela “relíquia” produzida por Deus e as despedaçou.
Decorrido algum tempo, Moisés voltou ao monte, onde esteve por outros 40 dias em jejum completo e recebeu novamente as tábuas contendo as palavras do pacto, os dez mandamentos. (Êxodo 34.28). Elas foram colocadas na arca da aliança (Deuteronômio 10.5; cf 1Reis 8.9; 2Crônicas 5.10; Hebreus 9.4).
Essas tábuas se perderam, possivelmente por ocasião da destruição do templo de Salomão, em 587 a.C. O segundo templo, concluído no ano 516, não tinha a arca entre seus moveis. As tábuas da Lei, portanto, não existiam mais, embora estivessem no imaginário do povo, ao ponto de um provérbio pedir que a benignidade e a fidelidade fossem escritas na tábua do coração (Provérbios 3.3).

3. Os Dez Mandamentos são uma espécie de núcleo da Lei de Deus. Há um sem-número de outros mandamentos, chamados de estatutos ou preceitos, como a magistral lista que aparece em Levítico 19. De qualquer forma, todos os demais decorrem dos Dez Mandamentos e desembocam neles. Alguns desses outros mandametnos são transitórios, porque referentes a circunstâncias específicas de uma época. Mesmo nesses casos, há princípios universais e atemporais neles subjacentes.
Jesus sintetizou ainda mais a Lei, ao tomar dois mandamentos, registrados em Deuteronômio e Levítico, como sendo o núcleo do núcleo. Ele ensinou que os dois mandamentos principais são: primeiro, Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças. (Marcos 12.30b; cf. Deuteronômio 6.5); e, segundo: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. (Marcos 12.31; cf. Levítico 19.18).
Ao fazer estes destaques, o Mestre pôs em evidência que os Dez Mandamentos estão organizados em duas seções, com a primeira arrolando os mandamentos relacionados ao amor a Deus (mandamentos 1 a 4), e a segunda indicando os preceitos relacionados ao amor ao próximo (mandamentos 5 a 10).

3. DAS DIFICULDADES DE VIVERMOS OS DEZ MANDAMENTOS
Nossas dificuldades com os Dez Mandamentos não decorrem apenas da sua antiguidade, mas especialmente da sua radicalidade.
No entanto, é precisamente por esta radicalidade que devemos nos empenhar em vivê-los.
Cada um deles exige uma profunda reflexão, reflexão que os atualize não no significado mas na amplitude de suas negações contemporâneas. Em outras palavras, precisamos ver de que modo nós estamos negando as suas exigências, como o fizeram recentemente alguns autores brasileiros, em os 7 Pecados do Capital (Rio de Janeiro: editora Record, 1999). Por agora, leiamos cada um deles e indiquemos as razões de nossas recusas e as razões de nossas necessidades em os vivenciar.

1
Mandamento 1 — Não terás outros deuses diante de mim (versos 1 a 2).
Nossa dificuldade, em relação a este mandamento, é que nós queremos nos relacionar com o relativo, nunca com o Absoluto, pelo preço que o relacionamento com o Absoluto implica. O relativo não nos incomoda, nem nos muda. Nós queremos seguir os deuses segundo nossos próprios interesses. O próprio povo, quando convidado para se encontrar com o Senhor, pede a Moisés:
— Vai lá e fala você mesmo, nós não. Nós temos medo de ouvir o Absoluto. Vá que Ele nos peça para conduzir um povo pelo deserto… Nós preferimos nos enroscar no relativo.
No entanto, Deus nos pede que nos enrosquemos com Ele e tão somente com Ele. Precisamos, então, lembrar que a autoridade de Deus para conosco decorre do seu caráter, mas também do seu amor. Ele tirou Israel do Egito. Ele nos tirou das trevas do medo e da ambigüidade. Ele é o nosso Senhor por direito adquirido. A Ele adoremos.

2
Mandamento 2 — Não farás para ti imagem de escultura (versos 3 a 6).
Nós queremos um deus que possamos controlar. Por isso desde sempre temos buscado representar a Deus. Como nossos antepassados, não agüentamos 40 dias de seu aparente silêncio, e logo fazemos bezerros de ouro, para nos divertir.
Nós queremos um deus que não exija esforço para com Ele se conviver. Nós queremos a superfície de um deus representado, contra a profundidade de um deus ao mesmo tempo afável e inefável
No entanto, não podemos esquecer que nenhuma representação pode se antepor entre a criação e o Criador. Se queremos adorar a Deus, temos que manter o seu caráter de invisível, embora perceptível; de inefável, embora disponível; de transcendente, embora tocável pelos olhos da fé.
É próprio das culturas populares, em todas as épocas, representarem a Deus. O Cristianismo incorreu neste erro, ao permitir, a partir do século 8, a introdução nos templos de representações (imagens) dos santos, apresentados como intermediários entre os homens e Deus. Ao fazê-lo, o Cristianismo levou cristãos a quebrarem o primeiro mandamento, ao admitirem lealdade, mesmo que secundária, a pessoas criadas, como também o segundo, ao facilitarem a fé por parte das pessoas, a partir de lembranças mais visíveis do que há em cima nos céus (Êxodo 20.4). A ordem divina é absoluta e clara.
Os evangélicos incorremos em erros igualmente graves, quando colocamos alguns líderes, especialmente pastores, em lugares que não lhes são devidos. É por isto que, quando um deles cai, muita gente cai junto. Há um número muito grande de pessoas que se afastaram do Evangelho porque, tendo idolatrado seus pastores, decepcionaram-se com eles, quando fracassaram em viver aquilo que pregam. Não podemos fazer nenhum tipo de escultura, nem mesmo de escultura viva. Amar com todas as forças só a Deus.
Erramos também quando colocamos nossas elaborações intelectuais (doutrinas) num lugar que não lhes pertence. Tudo o aquilo que cremos deve ser confrontado exclusivamente com a Palavra de Deus. Ele é o dono da verdade. Quando nos arvoramos em ser estes donos, também cometemos idolatria.

3
Mandamento 3 — Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão (verso 7).
O povo hebreu levou tão a sério a proibição de não se falar o nome de Deus em vão que acabou não O proferindo mais. O resultado é que desde a destruição do primeiro templo, no século 6 a.C., ninguém mais sabe sua pronúncia correta do nome de Jeová.
Não temos sido assim tão zelosos. Muitos temos portado (proferido, carregado, mencionado) o nome de Deus apenas da boca para fora. Alguns fazememos até juramentos em nome de Deus, embora sem a intenção de o cumprir. Para outros, Deus virou uma espécie de amuleto de proteção.
Tem havido uma avalanche de evangélicos no Brasil. Parece ter-se tornado moda a profissão de fé evangélica. Temos visto, pelos meios de comunicação, réus chegando aos tribunais ou às células portando vistosas bíblias. Recentemente um militar condenado por mortes foi filmado em sua cela, cercado de Bíblias. Isto não é natural. Parece uma ostentação, um portar em vão, visando alguma condescendência ou mesmo algum tipo de proteção mágica, porque em nenhum momento ele confessou seus pecados e pediu perdão publicamente pelos seus crimes, de todos conhecidos.
Por isto, devemos ser radicais neste ponto. Não devemos brincar com o nome de Deus. Não devemos prometer orar se não vamos orar. Não devemos pôr Deus em nossas conversas, se Ele não estiver em nossos corações.

4
Mandamento 4 — Lembra-te do dia do sábado, para o santificar (versos 8 a 11).
Nós cremos que pelo trabalho podemos tudo. No entanto, Deus nos pede para trabalhar seis dos sete dias da semana, ou, em nossa cultura, cinco dos sete dias. Em outras palavras, mais de um quarto do nosso tempo economicamente produtivo devem ser dedicados a não sermos produtivos.
O quarto mandamento é, então, além de um convite à saúde, uma advertência em torno de nossas limitações. É também um libelo contra o capitalismo contemporâneo que abre shoppings aos domingos e obriga os empregados a estar lá, mesmo contra a sua vontade.
Devemos, portanto, nos lembrar disso: se Deus parou, nós também podemos e devemos parar. Podemos e devemos parar para dedicar mais tempo à Sua adoração. Podemos e devemos parar para dedicar mais ao tempo ao serviço voluntário, por meio da Igreja e fora da Igreja.

5
Mandamento 5 — Honra a teu pai e tua mãe (verso 12).
O natural em nós é não obedecermos a ninguém, inclusive a nossos pais. Sempre achamos que sabemos o que é melhor para nós.
Um dia desses recebi uma jovem, já cursando a universidade, com uma dificuldade. Seus pais não querem o seu namoro com um rapaz crente, por ser ele de outra denominação, embora também pentecostal como a sua.
Eu disse a ela:
— Você sabe como deve agir. Você tem que honrar a seus pais, mesmo que eles estejam errados, como parece neste caso. Você só tem um caminho: a obediência. Não desespere, não abandone o diálogo. Converse com seus pais. Se não der para conversar, escreva uma carta respeitosa a eles, falando do seu amor pelo rapaz e de seu compromisso em honrar seus pais.
Devemos nos lembrar que o custo-benefício da obediência é maior que o preço da desobediência. É verdade que há pais intransigentes, mesmo querendo o melhor para seus filhos, que, aliás, querem sempre mais, o que provoca mais e mais conflitos. Em nossa cultura, os pais se tornaram os provedores: devemos dar tudo, sem exigir nada. A rebeldia se tornou um produto de consumo, como uma banda que destrói seus instrumentos ao final da apresentação. Qual o sentido disto, se não “parecer” rebelde? O que é isto se não o mais idiota gesto de marketing? E aos pais, cabe perguntsar: por que tanto intransigencia. Vocês já se esqueceram que foram jovem e que tiveram que fazer suas escolhas?
No entanto, a Biblia nos pede para honrar nossos pais, mesmo que o que ele façam não mereça respeito dos filhos. Acontece que o quinto mandamento não estabelece as condições para esta honra. A propósito, como para tornar a obediência ainda mais pesada, André Chouraqui traduz este mandamento como “Glorifica a teu pai e tua mãe”, o que implica reconhecimento, estima, respeito e afeto.

6
Mandamento 6 — Não matarás (verso 13).
A proibição de que não se deve matar é para pessoas e para nações. No entanto, temos visto que a eliminação física do adversário tem sido uma prática ao longo dos tempos.
Também temos visto que os maiores assassinos são os Estados, tomados por elites que não hesitam em derramar sangue para explorar os sem-proteção. Quando um Estado não provê saúde e permite que morram crianças que podiam ser salvas, dentro ou fora dos hospitais, ele mata. Um Estado mata quando opta por um regime econômico que exclui parte da sociedade do acesso aos bens básicos, como moradia e alimento, conquistados por meio do trabalho ou disponiblizado através de programas de assistência.
Por esta razão, o sexto mandamento permanece como o ideal de Deus para a humanidade.

7
Mandamento 7 — Não adulterarás (verso 14).
Não adulterarás, a menos que estejas muito apaixonado. Neste caso, estás liberado da proibição.
Não adulterarás, a menos que teu cônjuge o tenha traído primeiro. Neste caso, estás liberado para fazer o que foi feito contigo.
Não adulterarás, a menos que teu cônjuge já não o satisfaça.

É assim que, em muitas épocas, o sétimo mandamento tem sido reescrito, para se adaptar à devassidão, à fornicação, à traição. Nossa época acrescentou alguns ingredientes, dois dos quais merecem destaque, ao adultério. O primeiro é torná-lo menos criminoso e menos pecaminoso, chegando ao ponto de incentivá-lo em nome da liberdade. O segundo é fornecer mais oportunidades para a sua prática, seja no plano físico, com a abertura dos motéis, seja no plano mental, com o chamado “sexo virtual”.
No entanto, a proibição permanece intocada na Bíblia. Podemos tentar manipular o dedo de Deus, mas Ele ainda não alterou o que escreveu. Assim, adultério é adultério, não importam as motivações, as razões, as justificativas, as interpretações.

8
Mandamento 8 — Não furtarás (verso 15).
Em 2000, a Receita Federal autuou milhares de empresas que, juntas, sonegaram mais de 20 bilhões de reais ao Fisco brasileiro. Ano após ano, as elites têm depositado em bancos estrangeiros quantias volumosas desviadas do povo. Dificilmente esses recursos voltarão para onde não deviam ter saído, porque o próprio Estado furta, cobrando impostos para um fim e usando para outro. Se a resposta for a sonegação, o contribuinte estará igualmente furtando.
Por isto, continua válido o princípio do oitavo mandamento.

9
Mandamento 9 — Não dirás falso testemunho (verso 16).
Nas sociedades, tem prevalecido a idéia de que primeiro se fala, para depois se ver se é verdade. É como se prova não coubesse a quem acusa, mas ao acusado.
Dizer “falso testemunha” é mentir, de modo que poderíamos traduzir o nono mandamento como “Não mentirás”. Mentir parece ter se transformado num elemento constituinte do ser humano. Basta acompanhar os depoimentos numa CPI; não é preciso lançar mão de um detector de mentiras para se ver o quão longe a verdade está dos lábios dos depoentes.
No entanto, a proibição permanece, porque, como aprendemos no Novo Testamento, “sim” é “sim” e “não” é “não”. Como é difícil entendermos as verdades mais claras!

10
Mandamento 10 — Não cobiçarás (verso 17).
O poder do ter nos contaminou a todos. O poder do ter se caracteriza pelo desejo de possuir aquilo que pertence a quem está próximo de nós ou aquilo que imaginamos que ele tenha.
A noção de próximo é hoje muito diferente dos tempos de Moisés. Um ator famoso, a quem não vimos e talvez jamais vejamos pessoalmente, tornou-se próximo. Sabemos o que há em sua casa e não sabemos o que há na casa do nosso vizinho topográfico, aquele que mora do nosso lado, parede com parede.
“Não cobiçar” — isto é, não desejar o que é do outro — é o muro divino aos três substantivos que têm marcado a alma humana: sexo, poder e violência. Em certo sentido, quando uma pessoa cobiça ela desobedece a muitos outros mandamentos. Se a advertência divina estive inscrita nas tábuas dos corações, esses três substantivos estariam em níveis aceitáveis, mesmo desejáveis.

4. CONCLUSÃO
É raro quebrar-se apenas um mandamento. Davi, quando cobiçou Bate-Seba, quebrou todos os Dez Mandamentos, ao realizar seu desejo, numa escalada sem fim.
Os Dez Mandamentos de Deus nos foram colocados por Ele para que sejamos felizes. Eles não resultam de um “capricho” divino, mas do cuidado divino para conosco.
Sabemos que a quebra de um, ou mais mandamentos, tem conseqüências, umas superáveis e outras incorrigíveis, alcançando até as próximas gerações, como indica a exposição do segundo mandamento. Mesmo o perdão divino não anula algumas das conseqüências.
Nossa atitude deve ser a, valorizando os Dez Mandamentos como imperativos absolutos de Deus  para nós hoje, buscar seguir estes princípios na sua letra e no seu espírito.
Não nos escondamos na graça. Não façamos da cruz um salvo-conduto para uma vida fora dos padrões absolutos de Deus. A graça de Deus não vem senão para os que arrependem, porque com Deus não se brinca.
Quando falharmos — e cuidemos para que isto não aconteça –, devemos buscar um arrependimento sincero, que se caracteriza pelo desejo íntimo e profundo de nunca voltar a praticar aquele pecado.
Os Dez Mandamentos não são uma cesta de amendoim mofado. Antes são preceitos que Deus dita a cada um de nós, ainda hoje, para que vivamos conforme o Seu propósito para nós, amando-O com todas as forças de nosso ser e amando as pessoas como amamos a nós mesmos.

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